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Após 27 anos de solidão, único gorila da América Latina receberá duas fêmeas em zoo de Belo Horizonte

Rayder Bragon<br>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Belo Horizonte

19/08/2011 12h52

O gorila Idi Amim, uma das principais atrações do zoológico de Belo Horizonte (MG), receberá em breve a companhia de duas fêmeas oriundas de um zoo da Inglaterra, que desembarcaram nesta sexta-feira (19) na capital mineira. A iniciativa é mais uma tentativa de acabar com a solidão e melhorar a qualidade de vida do único gorila em cativeiro da América Latina, que já dura 27 anos, desde a morte da última companheira.

Porém, de acordo com a Fundação Zoo-Botânica, as duas fêmeas deverão passar por processo de quarentena antes de manter contato físico com Amim, que tem 37 anos. Nesse período, elas deverão passar por exames clínicos e técnicas de manejo para adaptação ao local. As fêmeas, batizadas de Kifta (11 anos) e Imbi (10 anos), vieram na condição de “empréstimo” para averiguar se haverá aceitação pelo macho.

Segundo a assessoria de imprensa da Fundação Zoo-Botânica, a diferença de idade entre Amim e as elas não será empecilho para a adaptação entre eles. Há relato de gorilas machos reproduzindo, em cativeiro, até os 45 anos, informou o órgão.

O processo da vinda das duas espécimes se arrastou por anos, e o custeio de todo o trâmite burocrático, além de viagens de intercâmbio entre técnicos dos dois países, foi bancado com recursos da prefeitura e de uma empresa privada. A parceria foi feita entre o zoológico mineiro e a Fundação Aspinall, da Inglaterra, no entanto, os valores não foram divulgados.

Uma reforma nas acomodações de Amim foi feita em 2001, ao custo de R$ 200 mil, e ampliou as instalações e colocou à disposição do animal uma área de 2.400 metros quadrados que reproduz a planície da África.

O recinto no qual o gorila vive passou por outra reforma nos últimos meses, visando ao acolhimento das novas moradoras e melhoria na área de manejo e a construção de um local destinado a períodos de quarentena para animais.

Segundo a assessoria da Fundação Zoo-Botânica, somente ao cabo do processo de isolamento das fêmeas e a subsequente adaptação entre os animais, o espaço será aberto para visitação.

A intenção da Fundação Zoo-Botânica, caso seja realizada com sucesso a interação entre o trio, é estabelecer um grupo reprodutivo e desenvolver no local um centro de conservação da subespécie “Gorilla gorilla gorilla”, ameaçada de extinção.

De acordo com a fundação, originalmente essa espécie vive nas florestas tropicais africanas em grupos nômades, principalmente em reservas da África Central, em florestas abertas, nas regiões mais baixas e quentes, próximas a rios e alagados.

Idi Amim

O gorila Idi Amim chegou ao zoológico de Belo Horizonte em 1975, proveniente de um zoo francês, em companhia de uma fêmea de nome ‘Dada”.

Em 1978, ela morreu por conta de uma infecção generalizada. Em 1984, o animal recebeu a companhia de uma fêmea cedida pelo zoológico de São Paulo. No entanto, “Cleópatra” já chegou com quadro de desidratação e diarréia, o que provocou a sua morte 14 dias depois da chegada.