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Pesquisa mostra que só 1% dos paulistanos se sente "muito seguro"; na saúde, espera é de até 146 dias

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

18/01/2012 19h11Atualizada em 18/01/2012 19h26

Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (18) sobre a percepção do paulistano em relação à cidade apontou que apenas 1% se sente “muito seguro” na capital --ainda assim, com uma nota de 5,7, de zero a dez, atribuída à segurança pública. Já os que disseram se sentir “pouco ou nada seguros” somaram 89%.


Área com avaliação abaixo da média, a saúde pública também trouxe números curiosos: segundo os entrevistados, a espera média para procedimentos mais complexos, com especialistas, chega a demorar até 146 dias. Para fazer um exame, a demora é de 65 dias.

Os dados integram a pesquisa realizada pelo instituto Ibope Inteligência para a rede Nossa Paulo e compõem o Irbem (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município) --estipulado a partir da percepção do morador sobre 169 itens em 25 áreas da sociedade. O estudo é feito desde 2008

Segundo o levantamento, a sensação de insegurança cresceu de forma significativa em São Paulo entre 2011 e 2010, quando 24% consideravam a cidade “nada segura” para se viver. No ano passado, o índice avançou a 35%. Em nota de zero a dez, a segurança integra os 74% avaliados como abaixo da média: obteve 4,4, contra 4,7 de 2010.

Todos os itens e serviços relacionados ao tema --tais como iluminação pública, segurança no bairro e ronda policial, por exemplo-- tiveram decréscimo. Entre os principais medos relatados, estão assalto/roubo (69%) e “atropelamentos” ( 17%).

De acordo com a diretora-executiva do Ibope, Márcia Cavallari, os dados referentes à segurança afetam diretamente a percepção do paulistano sobre queda na qualidade de vida do ano passado em relação ao anterior. Da mesma forma, completou, a insegurança abrange também o maior percentual daqueles que responderam que mudariam da cidade, se tivessem oportunidade --54%.

Saúde

Primeiro item de avaliação da pesquisa, a saúde mostrou que 74% dos entrevistados usaram algum tipo de serviço nos últimos 12 meses --e com um tempo médio de espera alto: para a realização de consultas, 52 dias; de exames, 65 dias; e para procedimentos mais complexos, 146 dias. Todos os aspectos depreciaram em relação a 2010.

Em comparação, no serviço privado de saúde, o tempo médio de espera relatado para uma consulta é de 15 dias; para exames, 17 dias, e para procedimentos mais complexos, 39 dias.

Na nota geral, saúde obteve a média 5 --a mesma de anos anteriores da pesquisa, mas ainda abaixo da média de 5,5.

A pesquisa

Dos 169 itens do Irbem, 74% ficaram abaixo da média. As piores avaliações foram feitas em relação à transparência e à participação política (nota de 3,5), acessibilidade das pessoas com deficiência (3,9) e desigualdade (4). A desconfiança sobre órgãos da administração pública municipal tiveram também avaliações ruins --as piores, em ordem, foram a Câmara, a Prefeitura, Subprefeiruras e Tribunal de Contas do Município), enquanto as melhores avaliações ficaram com Corpo de Bombeiros, Correios, Metrô e Sabesp.

Os dados foram apresentados na manhã de hoje no teatro Anchieta, no Sesc Consolação (região central), na presença de pré-candidatos à prefeitura paulistana.

Segundo o coordenador-geral do Irbem, Oded Grajew, a proposta é que os indicadores balizem os planos de governo dos futuros candidatos --de modo que, uma vez eleito, o prefeito terá até 90 dias para apresentar um plano de metas coerente com o Irbem e fiel às promessas de campanha.

A pesquisa foi aplicada de 25 de novembro a 12 de dezembro do ano passado, em todos os perfis sociais e em todas as regiões da cidade, com 1.512 entrevistados.

Apenas seis áreas avaliadas ficaram acima da média de 5,5: relações humanas (família, amigos e comunidades), religião e espiritualidade, tecnologia da informação, trabalho, sexualidade  e consumo.