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Polícia investiga atuação da Guarda Civil no Pinheirinho e pericia armas de fogo

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

31/01/2012 21h15

Voluntários recolhem e abrigam em suas próprias casas animais perdidos no Pinheirinho


A Polícia Civil de São José dos Campos (SP) abriu inquérito para apurar a atuação da Guarda Civil Municipal na operação de reintegração de posse da comunidade Pinheirinho, ocorrida no último dia 22. Sete armas de fogo calibre 38 que estavam em posse de guardas municipais foram recolhidas e estão sendo periciadas.

A polícia suspeita que um disparo feito por um guarda atingiu nas costas David Washington Furtado, 30, momentos depois da reintegração. O disparo teria ocorrido durante um tumulto em frente a um abrigo provisório no Campo dos Alemães, bairro vizinho ao Pinheirinho.


Furtado está internado no hospital municipal da Vila Industrial desde que foi baleado. Seu quadro é estável, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

De acordo com relatos de moradores do Pinheirinho e de policiais militares que presenciaram o tumulto, um guarda acuado pela população teria sacado a arma, disparado e atingido Furtado. Imagens da TV Vanguarda mostraram guardas com armas de fogo à mostra no dia da reintegração.

“Usar arma de fogo era uma atitude imprópria para o momento”, afirma o delegado José Henrique Ramos, do 3º DP, que investiga o caso.

 

Análise

A atuação da Polícia Militar de São Paulo na reintegração de posse do Pinheirinho, na cracolândia e na USP (Universidade de São Paulo) revela que o Estado está agindo à base da força e perdeu o controle da polícia. Esta é a avaliação do jurista Walter Maierovitch e do cientista político Guaracy Mingardi, ambos especialistas em segurança pública

Vítima acusa guarda

Hoje (31), Furtado foi ouvido pelo delegado no hospital e confirmou que o disparo foi feito por um guarda municipal. “Ele disse que pode até fazer reconhecimento do autor por fotografia”, disse Ramos.

Segundo o delegado, a vítima afirmou que o diagnóstico médico afastou a hipótese de perda de funções dos membros inferiores, mas não descarta sequelas.

O delegado também interrogou pelo menos sete guardas civis que deram apoio na operação de reintegração. “Todos negam ter feito o disparo.”

A Delegacia Seccional de São José dos Campos assumiu hoje o comando das investigações. Segundo Ramos, ainda serão ouvidos chefes de grupamento da guarda, coordenadores da operação, inspetores, entre outros. A vítima indicou a mulher e mais três testemunhas para depor a seu favor.

Área é desocupada pela PM
em São José dos Campos (SP)

  • Arte/UOL

Outras lesões

Ainda de acordo com o delegado, representantes do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) e da Defensoria Pública afirmaram à polícia que irão apresentar um requerimento com todos os relatos de agressão contra moradores feitos por autoridades policiais. A abertura de inquérito, entretanto, dependerá da iniciativa dos moradores que denunciam as agressões.

Ramos afirmou que quatro moradores do Pinheirinho foram à delegacia prestar queixa por conta do sumiço ou da destruição de seus bens durante a reintegração.

Paralelamente ao inquérito, o comando da Guarda Civil Municipal abriu sindicância interna para apurar a suspeita de uso de armas letais durante a reintegração.