Reunião que tenta colocar fim a greve na Bahia é suspensa sem acordo
Terminou sem acordo uma reunião que acontecia pelo segundo dia consecutivo em Salvador, e que durou sete horas nesta terça-feira (7), com o objetivo de negociar o fim da paralisação de policiais militares na Bahia. A greve entra hoje no oitavo dia.
Mediada pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Murilo Kriger, estavam reunidos representantes de associações de policiais militares, da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). A informação foi confirmada pela assessoria da SSP, que acrescentou que uma proposta feita pelo grupo será levada agora para apreciação do governador Jaques Wagner (PT) --não foi informado o conteúdo da proposta, mas sabe-se que é uma contraproposta dos grevistas.
O UOL apurou que duas novas condições foram apresentadas pelos manifestantes para dar fim à paralisação: uma é que o pagamento de um dos benefícios seja dado integralmente neste ano, sem escalonamento, e a outra é que o líder do movimento, Marco Prisco, ex-soldado da PM e atual presidente da Associação de Policiais e Bombeiros da Bahia (Aspra), seja reintegrado à corporação. Ele foi expulso após envolvimento em uma greve ilegal em 2001, mas uma decisão de 2010 anistiou os manifestantes, e, em 26 de janeiro de 2011, o Tribunal de Justiça da Bahia determinou sua reintegração --o que o governo estadual ainda não cumpriu.
Segundo o governador, o orçamento deste ano não prevê pagamentos adicionais aos policiais, mas ele propõe que as gratificações reivindicadas pelo movimento, que juntas vão representar 30% de reajuste, sejam diluídas até 2015. Os grevistas querem que as gratificações sejam pagas este ano e em 2013.
“Estranhamente, depois de muitas horas de reunião, eles voltaram a uma pauta inicial”, disse Wagner em entrevista a GloboNews, após o fim da reunião. “É um momento de preocupação, de tensão, mas vamos aguardar. Fizemos um esforço orçamentário para apresentar essa proposta.”
Sobre a anistia que é pedida pelos grevistas para acabar com a paralisação, o governador afirmou que: “Todos aqueles condenados pela sociedade baiana que depredaram, quebraram e intimidaram a população devem ser investigados. Não há como falar em perdão quando se fala em atos de vandalismo”. O governador reiterou que a programação de Carnaval está mantida e começa na próxima terça-feira (14).
A reunião com representantes das instituições envolvidas deve ser retomada nesta quarta-feira (8) a partir das 10h.
Entenda a greve
A greve na Bahia foi deflagrada na última terça-feira (31) por parte da categoria, liderada pela Associação de Policiais e Bombeiros da Bahia (Aspra). Doze mandados de prisão foram expedidos contra policiais militares que lideram o movimento. Jaques Wagner afirma que as prisões são uma determinação judicial e não do governo estadual.
Cerca de 300 policiais militares estão amotinados dentro da Assembleia Legislativa em Salvador, cercados pelas forças federais, que negociam o fim da greve.
Na segunda-feira, soldados lançaram bombas de efeito moral e dispararam balas de borracha contra policias grevistas que estavam do lado de fora e que tentavam entrar no local.
De acordo com Prisco, os grevistas não vão deixar a Assembleia até que sejam revogados os pedidos de prisão de 12 grevistas, além da concessão da anistia irrestrita para os grevistas e o pagamento de gratificações.
A paralisação gerou um aumento da violência no Estado: aulas foram canceladas, assim como shows, a Justiça teve seu trabalho suspenso e os Estados Unidos chegaram a recomendar aos norte-americanos que adiem viagens "não essenciais" ao Estado. O número de homicídios e assaltos também aumentou --até o fim de semana, as mortes já eram superiores ao dobro do registrado no mesmo período na semana anterior à greve.
*Com colaboração de Heliana Frazão
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