Força de Segurança fica até quando for preciso, inclusive no Carnaval, diz comandante
O chefe de Comunicação do Exército, tenente-coronel Márcio Cunha, afirmou na manhã desta quinta-feira (9), logo após a desocupação do prédio de Assembleia Legislativa da Bahia pelos 245 policiais militares em greve, que agora começa um período de transição do policiamento em Salvador pelas Forças de Segurança, que deve durar até que a situação na cidade se normalize.
"O Exército vai permanecer dando segurança até o momento em que a SSP [Secretaria de Segurança Pública] julgar necessário. Se for preciso ficar até o Carnaval, estaremos prontos", disse.
A greve, embora enfraquecida hoje com a desocupação e as prisões de dois líderes do movimento, ainda não teve seu fim decretado e entrou em seu 10º dia.
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A partir do início do protesto, a população passou a viver uma rotina de crimes, prejuízos e transtornos. Desde a noite do último dia 31 de janeiro, os baianos mudaram sua rotina e passaram a ficar em casa, com comércio e ruas vazias, aulas e eventos culturais suspensos e Justiça com serviços parados.
Segundo a SSP da Bahia, entre os dias 1º e 8 de fevereiro, 135 pessoas foram assassinadas na região metropolitana de Salvador. Desses crimes, pelo menos 38 tiveram característica de extermínio, segundo informou a Polícia Civil, que investiga os casos com prioridade. Os assaltos a ônibus coletivos também assustam, foram nove casos somente nesta terça-feira (7). Em um deles, na Praia Grande, os ladrões levaram apenas R$ 8. Desde o dia 1º, 300 veículos foram furtados ou roubados. Saques também foram registrados em lojas no começo da paralisação, mas cessaram após reforço federal nas áreas de concentração comercial.
A paralisação levou o governo federal a decretar no fim de semana a GLO (Garantia de Lei e Ordem), tirando o comando da segurança do Estado e o repassando para o Ministério da Defesa. Sem PMs nas ruas, o serviço de segurança passou a ser feito por 4.000 homens da Polícia Federal, Exército e Força Nacional.
Desocupação
Os policiais militares em greve deixaram na manhã desta quinta-feira (9) a Assembleia Legislativa da Bahia, e dois líderes do movimento --Marco Prisco e Antônio Paulo Angeline-- deixaram o prédio pelos fundos, como parte do acordo para encerrar a ocupação, iniciada no dia 31 de janeiro. Eles foram levados para a sede da Polícia do Exército em Salvador.
Desde a quarta-feira (8), estava proibida a entrada de água e comida no prédio por intermédio de amigos e familiares. A desocupação ocorre poucas horas depois de o "Jornal Nacional", da TV Globo, divulgar gravações telefônicas que indicam que Prisco incentivou atos de vandalismo no Estado.
Cerca de 500 homens do Exército e da Polícia Federal fizeram uma varredura no prédio da Assembleia logo após a saída dos grevistas, por volta de 7h20. Quatro helicópteros deram apoio à ação.
Carnaval
O Carnaval, principal evento do turismo baiano e previsto para acontecer daqui a duas semanas, também sentiu o impacto da greve. Apesar dos organizadores e governo do Estado garantirem a realização da festa, as vendas de abadás sofreram impacto. Segundo a Central dos Blocos, as vendas presenciais caíram mais de 20% esta semana, mas a esperança é que a paralisação se encerre antes da folia, garantindo assim a presença do povo nas ruas.
A ABAV (Associação Brasileira de Agências de Viagens) aponta para uma estimativa de que as vendas de pacotes de turismo tenham caído 10% durante a greve, mas os números estão longe de mostrar o verdadeiro prejuízo no turismo local. O UOL entrou contato com quatro grandes hotéis de Salvador, na tarde desta quarta, mas nenhum quis comentar oficialmente sobre prejuízos. Em apenas um deles, o funcionário admitiu que o último fim de semana teve um movimento pelo menos 50% abaixo do esperado. “Muita gente ligou e cancelou a reserva. Nós sabemos da situação e estamos tentando negociar uma nova data, mas nem sempre o cliente aceita”, disse.
No setor de eventos, os cancelamentos também se multiplicam pelo Estado. Eventos pré-carnavalescos com Ivete Sangalo, Olodum, Harmonia do Samba foram cancelados. O UOL entrou em contato com Sérgio Araújo, representante baiano da Associação Brasileira das Empresas de Eventos, mas ele não retornou as ligações.
*Com colaboração de Carlos Madeiro
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