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Presos rebelados de Aracaju pedem rádio e TV, liberação de cigarros e fim de agressões

Paulo Rolemberg

Do UOL, em Aracaju

16/04/2012 08h57Atualizada em 16/04/2012 13h24

Os mais de 400 detentos do Complexo Penitenciário Advogado Antônio Jacinto Filho, no bairro Santa Maria, zona sul de Aracaju, que mantêm cerca de 80 reféns --sendo dois agentes carcerários-- desde a tarde deste domingo (15), entregaram, por meio de um advogado, uma lista com oito itens de reivindicações como condição para encerrar o motim.

Um homem identificado como GIlmar, que era um dos três agentes prisionais mantidos como reféns, acabou de ser liberado pelos detentos rebelados. A liberação foi em troca do retorno do fornecimento de água no presídio. A Secretaria de Justiça divulgou que 46 reféns (familiares de detentos), dos cerca de 120 que estavam em poder dos presos, também foram liberados. No momento, um outro agente, que está como refém, foi enrolado em um colchão pelos presos e é agredido com tapas e pauladas.

A carta foi entregue pelos presos ao advogado Romilson Meneses, que encaminhará os pedidos ao secretário de Justiça, Benedito Figueiredo; ao promotor de Justiça Luiz Claudio Almeida dos Santos, da 7ª Vara Criminal; o juiz da Vara de Execuções Hélio Mesquita; e Luiz Eduardo Oliva, secretário dos Direitos Humanos.

“Conversei ontem à noite e eles me entregaram essas reivindicações”, disse o advogado, que afirmou não ter redigido o texto. As negociações estão sendo comandadas pelo capitão Marco Carvalho, do Núcleo de Gerenciamento de Crises da Polícia Militar. 

Na carta, os detentos exigem o fim de possíveis agressões sofridas por eles por parte dos agentes prisionais, mudanças no regime de “revista” dos visitantes, liberação de cigarros, televisão e rádio nas celas e a saída da empresa privada que administra o presídio. Os rebelados ainda exigem agilidade da Justiça no julgamento dos processos. A seguir, as reivindicações do presos:

“Abusos de autoridades por parte dos agentes tais como agressões físicas e morais, por esse principal motivo não queremos mais a Reviver por conta do seu total despreparo profissional para lidar com pessoas, no nosso caso, internos. Os quais merecem respeito e civilidade. Na condução da unidade e de seres humanos, portanto fora com a Reviver”;

“Queremos a visitação de nossos familiares adentrarem as celas, onde nós cumprimos nossas penas no dia a dia, porque o espaço que nos é oferecido não nos dá condições nenhuma para a visitação. Falta espaço para abrigar todas as visitas, somos obrigados a ficar sentados no chão, almoçar no chão, porque falta cadeira, espaço físico coberto. Com isso liberando ao qual nós queremos nossas crianças para que eles possam ter conforto melhor assim com as nossas visitas. Queremos a liberação de televisão, ventilador e rádio para cada cela”;

“Queremos que liberem nossos familiares a trazerem kits de higiene e alimentos nos dias de visita e liberar alimento para os internos durante a semana”;

“Não tem condições de nós sentenciados estarmos tirando nossas sentenças no isolamento, ou seja, acabar com esse local famigerado, com urgência, até porque o local encontra-se totalmente destruído;”

“Liberar cigarro porque a unidade nos dopa com medicamentos para os mesmos substituírem o fumo, ou seja, o vício”;

“Queremos que possam da prioridade na questão dos nossos processos, porque existem internos já com o seu direito a progressão do seu regime seja ele para o semiaberto ou aberto. Fazemos menção que deem total atenção para nossas integridades físicas, tanto para visitas quanto para nós internos”;

“Queremos que possa estar revendo esses conceitos de revista. Porque está acontecendo é que os nossos familiares muitas vezes estão voltando ou sendo barrados por uma moeda que é esquecida no bolso da calça, por um sandália ou uma blusa, camisa, calça que eles implicam”;

“Queremos que aumentem o horário de visitação para os familiares dos internos das 08 às 16 horas e a retirada do diretor e do seu vice que possam assumir pessoas capacitadas para estarem exercendo a função”.

Os fornecimentos de energia e água foram cortados na localidade, ainda não se sabe se pelos presos ou pela polícia, e há sinais de fumaça. Dois cães de guarda do presídio foram mortos pelos presos. Os detentos destelharam o prédio do complexo penitenciário e atearam fogo em colchões.