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Termina greve de motoristas e cobradores de Salvador; paralisação segue em cinco capitais do NE

Nesta sexta (25), ônibus intermunicipais amanheceram estacionados em garagem de Salvador (BA), deixando a rodoviária da cidade vazia - Arestides Baptista/Ag. A Tarde
Nesta sexta (25), ônibus intermunicipais amanheceram estacionados em garagem de Salvador (BA), deixando a rodoviária da cidade vazia Imagem: Arestides Baptista/Ag. A Tarde

Aliny Gama e Carlos Madeiro*

Do UOL, em Maceió

26/05/2012 06h00

Os motoristas e cobradores de Salvador decidiram por fim à greve da categoria, neste sábado (26). O movimento, que durou quatro dias, foi encerrado após assembleia realizada pelos trabalhadores no Sindicato dos Eletricitários, durante a manhã. O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Manoel Machado, determinou que os ônibus saiam às ruas imediatamente.

Segundo ficou decidido, a categoria resolveu aceitar a decisão do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) tomada ontem em audiência. Os desembargadores do TRT determinaram aumento de 7,5% dos salários, retorno do quinquênio e aumento do valor do ticket refeição, de R$10,77 para R$ 11,22.

Moradores de outras cinco capitais do Nordeste ainda enfrentam problemas no transporte público por conta de greves de três categorias diferentes. Recife, Natal, Maceió, João Pessoa enfrentam paralisações de metroviários e ferroviários desde a semana passada, o que reduziu a cerca de 30% as viagens de trens e do metrô.

Na segunda-feira (21), foi a vez dos rodoviários de São Luís reiniciarem uma paralisação e retirarem 100% dos ônibus das ruas. Nesta sexta-feira (25), um ônibus na capital maranhense foi alvo de um atentado. Na quarta-feira (23), foi a vez dos moradores de Salvador também ficarem sem os coletivos. Ao todo, nas seis capitais, mais de 2 milhões de pessoas são afetadas pelas paralisações.

Rotina em Salvador

Na capital baiana, os motoristas haviam decidido paralisar as atividades há quatro dias, deixando 1,3 milhão de pessoas sem ônibus. Com a greve, órgãos públicos ficaram fechados ou reduziram atendimento, e faculdades suspenderam aulas.

Nesta sexta-feira, a Fundação Gregório de Mattos informou que a programação cultural foi adiada, e os espaços Casa do Benin, Museu da Cidade, Espaço Cultural da Barroquinha e bibliotecas municipais Edgard Santos e Denise Tavares iriam permanecer fechados durante o período da greve.

Já alguns órgãos municipais chegaram a reduzir o horário de atendimento. A demanda nas unidades de saúde também chegou a cair consideravelmente nos últimos quatro dias.

Atentado em São Luís

Em São Luís, onde 600 mil pessoas são afetadas, a greve dos rodoviários chegou ao 5º dia nesta sexta-feira com o clima tenso. Nesta tarde, os empresários tentaram colocar ônibus nas ruas com motoristas e cobradores temporários, mas um dos coletivos foi alvo de um atentado no bairro do Araçagi.

Segundo o SET (Sindicato das Empresas de Transportes de São Luís), dois homens em uma moto atiraram contra o parabrisa do veículo e causando pânico. Após o atentado, os empresários decidiram retornar os ônibus às garagens e não há mais previsão de retorno para circulação dos coletivos.

Na capital maranhense também há suspensão de aulas. O IFMA (Instituto Federal do Maranhão) e a Unidade Dom Bosco informaram que não haverá aulas até que a situação esteja normalizada.

Os rodoviários deflagraram greve para pressionar por reajuste nos salários de 16% e dos vales-alimentação de R$ 341 para R$ 450, além do pagamento do plano de saúde –que está atrasado este mês– e adição de familiar sem onerar os trabalhadores.

Na quinta-feira passada (17), o TRT-MA concedeu reajuste de 7% e declarou a greve ilegal. Porém, os trabalhadores não aceitaram a proposta e retomaram o movimento, que havia durado quatro dias e havia sido suspenso na sexta-feira passada (18). Não há previsão de nova negociação.

Outras capitais

Outras quatro capitais do Nordeste não registraram protestos ou fechamento de órgãos públicos, mas também enfrentam problemas com as greves de metroviários e ferroviários. Em Recife, a greve dos metroviários afeta 270 mil passageiros desde o dia 15, quando foi deflagrada. O metrô só está realizando viagens nos horários de pico, das 5h às 8h30 e das 16h30 às 20h. Aos sábados, o metrô opera das 5h às 13h, e no domingo não ocorrem viagens.

Já os ferroviários da CBTU (Companhia Brasileira de Transporte Urbano) reduziram para 30% o número de viagens de trens em Maceió, João Pessoa e Natal desde o dia 14.

Em Maceió, são 6.000 pessoas afetadas com a redução das viagens de trem entre a capital e a cidade de Rio Largo. Os trajetos são realizados no início da manhã (com destino a Maceió) e, à tarde, no trajeto de volta. As demais viagens estão suspensas.

Em João Pessoa, o número de passageiros afetados é de 10.000, que se deslocam dos municípios de Cabedelo e Santa Rita. A categoria informou que iria manter 14 das 28 viagens por dia durante a paralisação.

No Rio Grande do Norte, a greve paralisa as duas únicas locomotivas que operam as linhas Parnamirim-Natal e Ceará Mirim-Parnamirim-Natal. Cinco mil pessoas estão prejudicadas.

Segundo a Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários), os metroviários decidiram continuar de braços cruzados até a apresentação de uma proposta de reajuste feita pelo governo federal. A categoria exige 5,13% de reajuste, correspondente à inflação. Até agora, o governo não ofereceu nenhuma proposta de aumento salarial à categoria.

(*Com A Tarde)