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Planejamento para a Rio+20 não prevê alterações na rotina da cidade, diz prefeito do Rio

Prefeito Eduardo Paes fez dois pedidos para a população do Rio: optar pelo transporte público e evitar circular perto das áreas dos eventos da conferência - Marcelo Fonseca/Agência O Globo
Prefeito Eduardo Paes fez dois pedidos para a população do Rio: optar pelo transporte público e evitar circular perto das áreas dos eventos da conferência Imagem: Marcelo Fonseca/Agência O Globo

Do UOL, no Rio

29/05/2012 19h21

A Prefeitura do Rio de Janeiro divulgou nesta terça-feira (29) o planejamento operacional para a conferência Rio+20, que será realizada na capital fluminense entre os dias 13 e 22 de junho. A princípio, o governo municipal não fará grandes intervenções na rotina da cidade, principalmente em relação ao trânsito --a possibilidade de criar faixas seletivas foi descartada.

A CET-Rio planejou uma única interdição entre 17h e 18h30 na avenida Salvador Allende, no dia 20, em função de uma cerimônia que marcará a chegada dos mais de cem chefes de Estado credenciados para a conferência. O evento contará com a presença da presidente da República, Dilma Rousseff.

Já a avenida Niemeyer, que faz a conexão entre os bairros de Copacabana, na zona sul, e da Barra da Tijuca, na zona oeste, funcionará em mão única nos dias em que as comitivas internacionais (a maioria hospedada nos hotéis luxuosos da zona sul) utilizarem batedores para percorrer o trajeto até o Riocentro.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmou em entrevista coletiva que os cidadãos cariocas e fluminenses serão beneficiados pelo legado da Rio+20, onde estarão reunidos "mais de 80% do PIB [Produto Interno Bruto] mundial", segundo ele, e por isso devem ter "compreensão" e "receber bem os turistas". "O Rio vai ser uma espécie de capital do mundo", resumiu Paes.

Para reduzir a circulação de carros na cidade e evitar congestionamentos, os governos municipal, estadual e federal decretaram ponto facultativo para servidores públicos nos dias 20, 21 e 22 de junho, datas em que ocorrerão as principais reuniões da Rio+20, no Riocentro.

Paes admitiu que o deslocamento dos chefes de Estado, o que corresponde a diferentes protocolos de segurança, pode causar problemas para a população. Por isso, o prefeito fez dois pedidos aos cariocas e fluminenses: optar pelo transporte público e evitar a circulação nas proximidades das áreas dos eventos da conferência.

De acordo com o planejamento operacional do governo, foram definidos dois corredores principais para facilitar o deslocamento das comitivas internacionais. O primeiro parte do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, e segue pela Linha Vermelha, viaduto do Gasômetro, viaduto da Perimetral e aterro do Flamengo até chegar nos bairros da orla da zona sul.

Já a segunda opção tem início na zona sul e segue pela avenida Niemeyer, estrada da Gávea, avenida das Américas até chegar na avenida Salvador Allende, onde está situado o Riocentro.

A Prefeitura do Rio informou ainda que as frotas de ônibus municipais funcionarão com 100% de seus efetivos.

Plano de segurança

O ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou na segunda-feira (28) que cerca de 15 mil homens e mulheres serão responsáveis pelo esquema de segurança na conferência Rio+20. A novidade será a instalação de um centro de prevenção a ataques cibernéticos, cujo investimento foi de R$ 20 milhões custeados pelo governo.

“Essa parte de defesa cibernética diz respeito a uma ameaça nova, e nós temos que lidar com essa ameaça que pode também causar transtornos para a conferência. (...) Sabemos que são coisas que acontecem no mundo de hoje. Você tem que estar prevenido", disse.

"É claro que nenhum país do mundo consegue garantia absoluta de 100%, mas acho que estamos bem preparados para dar tranquilidade ao evento. Os documentos estarão disponibilizados da maneira adequada, com toda a segurança que é possível fazer", completou o ministro. Segundo ele, nenhuma ameaça neste sentido foi detectada previamente.

Do efetivo total, serão deslocados 8.000 soldados e oficiais das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), o que inclui guarnições de outros Estados, a exemplo da brigada de Juiz de Fora (MG) e da aviação do Exército de Taubaté (SP). Além disso, o plano de segurança terá 7.000 homens das polícias Civil, Militar e Federal, a Guarda Municipal, e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Na perspectiva do Ministério da Defesa, manifestações de ativistas e de movimentos sociais devem "transcorrer dentro da normalidade", e caberá principalmente à Polícia Militar administrar os possíveis protestos. Segundo Amorim, todos os atos serão respeitados como "manifestações de opinião".

"Não sei se haverá razões para protestos. Em relação a manifestações, é natural que aconteça e elas terão que ser tratadas para garantir a segurança de todos e com o respeito devido à manifestação de opinião, algo que nós prezamos muito em um regime democrático", disse Amorim.

O departamento de segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) será responsável por cumprir os protocolos no perímetro do Riocentro, com o apoio de tropas de fuzileiros navais. O espaço público que deverá contar com o maior número de manifestações é o aterro do Flamengo, na zona sul, onde será sediada a Cúpula dos Povos.

Amorim garantiu que as Forças Armadas atuarão não só no patrulhamento terreste, mas também no monitoramento do espaço aéreo e na guarda marítima adjacente. Questionado sobre um possível fechamento dos aeroportos do Rio --Galeão e Santos Dumont--, o ministro da Defesa afirmou "não ter ouvido nada a respeito".

"Há um espaço relativamente restrito que é a proteção do espaço aéreo do próprio Riocentro, e haverá a chegada dos aviões como em qualquer evento desse tipo, onde será dada prioridade aos voos dos chefes de Estado. Mas não se falou nada sobre fechamento de aeroportos", disse o ministro.

Segundo o general Adriano Pereira Júnior, há possibilidade de que as restrições do espaço aéreo em face à chegada das comitivas internacionais provoquem alterações aleatórias na aviação civil. No entanto, ele acredita que isso só ocorreria caso "alguma situação saísse da normalidade".

De acordo com o Exército, todos os chefes de Estado desembarcarão no Rio de Janeiro utilizando a base da força aérea na Ilha do Governador, na zona norte da cidade. Mais de 400 batedores e 30 helicópteros, além de tanques das Forças Armadas e blindados das polícias do Rio, darão apoio logístico para a segurança do evento. Nenhuma favela será ocupada.