Cabral divulga nota de pesar após morte de PM em UPP do Alemão; polícia recebeu 6 denúncias
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, divulgou nesta terça-feira (24) nota de pesar na qual afirma se solidarizar com a família da soldado da PM Fabiana Aparecida de Souza, 30, morta durante ataque de criminosos à UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) com sede na favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, na zona norte. O atentado ocorreu na noite de segunda-feira (23).
Segundo o governo do Estado, "em homenagem a esta policial", Cabral afirmou garantir que a política de pacificação "não terá volta". No momento da ação criminosa, a soldado estava no contêiner-sede da UPP quando foi atingida por uma bala de fuzil --o projétil perfurou o colete balístico e a feriu na região do abdômen.
"O governador declara que a política de pacificação, representada pela UPP, não tem volta, e será cada vez mais consolidada e ampliada", diz a nota oficial assinada pelo chefe do Executivo fluminense.
Na visão de Cabral, "a marginalidade vem perdendo forças diante da política de Segurança Pública" e "ações como estas demonstram o desespero de organizações criminosas". O governador não comentou sobre a utilização por parte dos policiais lotados nas UPPs de coletes balísticos que não suportam balas de fuzil.
Para o coordenador das UPPs, coronel Rogério Seabra, o colete à prova de balas utilizado pela vítima era "o adequado para o exercício da polícia pacificadora". Segundo o oficial, especialistas não recomendam a utilização da proteção balística resistente a fuzil (que pesa cerca de 20 kg) em "ações cotidianas".
"Especialistas indicam que o colete [cerca de dez quilos mais leve] utilizado pela soldado Fabiana, ontem, era o adequado para o exercício da polícia pacificadora. Coletes à prova de fuzil são usados por força tática em momento adequado. A ação de ontem foi a primeira vez que aconteceu [a morte de um militar em área de UPP]", afirmou o coronel.
Fabiana chegou a ser atendida em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da estrada do Itararé, no Complexo do Alemão, mas não resistiu aos ferimentos.
Seis denúncias
De acordo com a central telefônica das polícias do Rio, o Disque-Denúncia, foram recebidas seis chamadas com informações a respeito do ataque de criminosos, supostamente traficantes, à base da UPP Nova Brasília. Segundo as investigações iniciais, o grupo responsável pelo atentado era composto por 12 homens fortemente armados.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro (Seseg) também divulgou nota oficial na qual convoca a população dos Complexos do Alemão e da Penha, e dos morros do Adeus e da Baiana, a colaborar com a Polícia Militar no decorrer das buscas pelos criminosos.
A PM afirmou ainda "lamentar profundamente" a morte da soldado Fabiana Aparecida de Souza. Segundo a Seseg, quaisquer informações que possam ajudar nas investigações devem devem ser passadas à polícia através do Disque-Denúncia. O telefone é (21) 2253-1177.
Em seu primeiro pronunciamento sobre o caso, a Secretaria de Segurança Pública afirmou ainda que as forças policiais não vão recuar em função do atentado que vitimou o primeiro policial militar em área de UPP. "O processo de pacificação seguirá seu curso previsto na região até que esteja consolidada a reconquista de território dessas comunidades, com sua devolução completa e pacífica à cidade do Rio de Janeiro", disse a Seseg.
Buscas
Policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) realizam nesta manhã buscas em comunidades do Complexo do Alemão. A divisão de elite da PM também está posicionada para reforçar a segurança juntamente com o Batalhão de Choque (BPChoque) e PMs dos batalhões da Maré (22º BPM) e de Olaria (16º BPM).
Há duas semanas, o Exército deixou a região após ocupá-la por 19 meses --desde a operação que garantiu a tomada do território, em novembro de 2010.
Apesar do clima de tensão nos Complexos da Penha e do Alemão, a Seseg confirmou que seguirá o calendário definido para a região e manteve a inauguração de mais duas UPPs na próxima semana: nas favelas da Vila Cruzeiro e do Parque Proletário. Em toda a capital fluminense, já são 25 unidades.
Primeira PM morta em UPP
Fabiana estava na PM havia pouco mais de um ano, era solteira e sem filhos. Ela foi a primeira policial militar morta em serviço em uma comunidade localizada em áreas atendidas por UPPs. De acordo com a PM, os pais da vítima já morreram e o parente mais próximo é uma irmã, também PM, cujo nome não foi divulgado pela corporação.
A irmã de Fabiana é lotada no 10º BPM (Barra do Piraí) e chegou nesta manhã ao Instituto Médico-Legal (IML) da capital fluminense para reclamar o corpo da vítima. Escoltada por colegas de farda, ela entrou e saiu do local sem falar com a imprensa.
O corpo da vítima será enterrado nesta quarta-feira (25), em Valença, na região sul fluminense, cidade natal de Fabiana.
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