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Campanha contra homossexualismo em Pernambuco gera revolta em redes sociais

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

04/09/2012 11h15

Uma campanha lançada contra o turismo sexual em Pernambuco está causando polêmica e revolta nas redes sociais. Um cartaz publicado na página oficial e no Facebook do "Fórum Permanente Pernambucano Pró Vida" cita o "homossexualismo" como um dos problemas enfrentados pelo turismo no Estado e que deve ser combatido.

Indignação na rede

  • Reprodução

    Cartaz diz que Pernambuco não quer homossexualismo e provoca reações na internet

O grupo se intitula "contra a proliferação do homossexualismo" e diz que tem, como objetivo, "divulgar, preservar e defender os princípios cristãos, éticos e dos bons costumes". Na campanha, lançada neste domingo (2), o Fórum compara o homossexualismo com práticas como pedofilia, exploração sexual de menores e prostituição. A polêmica tornou-se pública após a divulgação de um anúncio com o cartaz da campanha na edição desta segunda-feira (3) do jornal "Folha de Pernambuco". Na internet, o periódico também passou a ser alvo de críticas de militantes dos diretos humanos.

Na explicação da campanha, o movimento diz que "ataca de frente a exploração do turismo sexual no nosso estado. Nesta campanha, a organização se manifesta abertamente contra comportamentos e atitudes anticristãs como a pedofilia, a prostituição, a exploração sexual de menores e a proliferação do homossexualismo".

As páginas da Internet e do Facebook não fazem menção sobre quem são os responsáveis pelo Fórum. Dizem apenas que o "Movimento Javé Nossa Justiça é um movimento formado por cristãos, aberto a todos que professam a fé em Jesus Cristo".

A campanha, intitulada "Pernambuco não te quer", é inspirada em uma outra campanha, oficial da prefeitura da capital pernambucana, chamada "O Recife te quer", que tenta atrair turistas para o Estado.

A campanha do movimento contra a homossexualidade foi postada no Facebook no último domingo (2) e gerou uma série de críticas nas redes sociais. Nesta terça-feira (4), mais de 400 comentários já haviam sido feitos na postagem do cartaz da campanha, pedindo também a retirada do ar do conteúdo.

"Seus nazistas! Vão pagar caro por colocar homossexualismo no meio disso! Serão denunciados, espero que vão todos pra cadeia com seu falso moralismo!", disse Mauro Brazbear.

O post também gerou denúncias formais contra a página. "Denunciado. Coloquei como discurso ou ódio e tem cara de ser sim, um ódio a nós, homossexuais, e não fizemos nada, isso só se resume a uma palavra: preconceito", opinou Lucas Emanuel.

Além da campanha, o grupo também apresenta defesa de outros pontos considerados anticristãos, como o aborto. O Fórum ainda "alerta a população para a escolha de seus candidatos, sugerindo que cada cidadão procure conhecer o que pensa e como age seu escolhido em relação ao aborto, ao turismo sexual, e outros temas contra os valores cristãos".

Na seção de downloads do site, por exemplo, há um link para um arquivo apontando que "Homossexualismo é Doença e tem Cura". O arquivo com a "prova" trata-se da "Classificação de doenças do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais", que --segundo o grupo-- definiria como "transtorno de identidade de gênero".

A reportagem do UOL enviou um e-mail e uma mensagem pelo Facebook ao suposto responsável pelo "Fórum Permanente Pernambucano Pró Vida", o reverendo Márcio Borba, mas até o momento não obteve resposta.

Sobre o anúncio publicado na edição desta segunda-feira, a "Folha de Pernambuco" informou, por meio do seu Twitter, que a publicidade foi “paga pelo Instituto Pró-Vida PE”. Diz o texto: “A Folha de Pernambuco afirma que o seu conteúdo de forma alguma reflete a opinião do Jornal. Ao longo dos seus 14 anos, a Folha vem construindo e mantendo uma relação de respeito junto aos seus leitores.”

O periódico afirma ainda que está “focado na promoção dos direitos humanos, inclusive da comunidade LGBT, com quem o jornal mantém diálogo constante”.