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Vamos asfixiar financeiramente organizações criminosas que atuam em SP, diz ministro da Justiça

Policiais inspecionam local onde um policial militar foi baleado em São Paulo - Folhapress
Policiais inspecionam local onde um policial militar foi baleado em São Paulo Imagem: Folhapress

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

09/11/2012 16h13Atualizada em 09/11/2012 16h34

A troca de informações de inteligência entre a União e o Estado de São Paulo já começa a render subsídios para embasar ações no combate às organizações criminosas, segundo afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, nesta sexta-feira (9), em Brasília.

“Estamos fazendo já troca de inteligência e está sendo útil. Já temos informação de coisas boas de inteligência que vai favorecer ações”, disse. Cardozo irá se reunir na próxima segunda-feira (12) em São Paulo com o governador Geraldo Alckmin para alinhar quais serão os próximos passos.

“[Vamos focar] com prioridade nas organizações criminosas que estão gerando essa situação, asfixiando-as financeiramente, prendendo seus membros que estejam em São Paulo ou em outros Estados, impedindo que a droga chegue em São Paulo, reforçando um anel em torno de São Paulo, impedindo que arma chegue em São Paulo. Esse é o nosso papel. A parte do policiamento específico cabe a São Paulo. Se precisarem de ajuda do ponto de vista estratégico, estamos à disposição.”

O ministro informou que conversou hoje com o diretor-geral da PF (Polícia Federal), Leandro Daiello, sobre a atuação do governo federal e disse que o superintendente regional da PF em São Paulo, Roberto Ciciliati Troncon Filho, está em constante diálogo com a Polícia Militar para organizar operações conjuntas.

De acordo com o ministro, está sendo montada uma “operação para cercar os principais pontos nevrálgicos de São Paulo por linha aérea, marítima e terrestre para atacar as organizações” que atuam no Estado.

Cardozo disse que aguarda a indicação de novos nomes de presos para serem transferidos para presídios federais. Até o momento, houve apenas uma remoção de um preso de São Paulo para Porto Velho.

“Já temos a primeira remoção de um preso para um presídio federal, temos todas as outras vagas colocadas à disposição do governo de São Paulo, estamos à espera da indicação de novos nomes para que possamos fazer essas remoções.” O ministro afirmou ainda que, caso São Paulo queira, o governo federal poderá colaborar com a análise de inteligência sobre que presos devem ser transferidos.

O ministro ressaltou que a contribuição federal pode ser no sentido de fazer a troca de informações de inteligência e oferecer vagas em presídios. “No limite das nossas possibilidades, faremos o que for possível, mas não temos como mandar mais efetivo. São Paulo tem um bom efetivo. Creio que com o efeito que lá está pode se dar conta da situação.”

“São Paulo tem 130 mil policiais militares e 30 mil policiais civis. Eu tenho 10 mil da Polícia Federal e 10 mil da Polícia Rodoviária Federal”, disse. “Com efetivo, não tenho como contribuir, mas creio que São Paulo tem efetivo suficiente para enfrentar a situação.” O ministro também ponderou que o eventual envio da Força Nacional de Segurança não deverá ter impacto. “Se solicitada, poderá ser encaminhada, mas vamos ser bem pragmáticos: a Força Nacional de Segurança é muito pequena dentro do que aquilo pode mobilizar perto do que São Paulo tem. Podemos mobilizar 2.000, 1.500 homens, e São Paulo tem 130 mil homens.”

Indagado sobre se a recusa inicial do governo estadual em transferir presos para presídios federais teria permitido que a situação saísse do controle, o ministro não quis entrar no mérito e afirmou apenas que “todos os governos têm as suas razões”. “Cabe ao governo de São Paulo fazer essa análise. Eu faço a minha. Coloco o governo federal e os presídios federais à disposição. (...) No que se refere às razões de governo, nós temos que respeitar as suas autonomias e as opções que fazem e as razões que entendem justas.”

Onda de violência

A criação de uma "agência de ação integrada" para combate ao crime organizado foi a primeira medida anunciada nesta terça-feira (6) pela parceria entre União e o governo do Estado de São Paulo para enfrentar a onda de violência que deixou ao menos 90 policiais militares mortos só neste ano. 

As tratativas, no entanto, descartam o envio de tropas do Exército ou da Força Nacional de Segurança para o Estado e não especificam custos e nem o que, de imediato, será feito na prática para evitar novos ataques a policiais e a civis.

Mesmo após o anúncio das medidas, a violência continua na capital paulista. De quinta (8) para sexta-feira (9), 13 pessoas foram mortas e outras oito foram feridas na capital e em cidades da região metropolitana em um intervalo de apenas cinco horas --entre as 19h30 de quinta-feira e a 0h30 de hoje. Na zona sul da capital, um ônibus também foi incendiado.