Polícia cumpre 70 mandados de prisão contra acusados de ataques em SC
Uma megaoperação da Polícia Civil de Santa Catarina cumpre neste sábado (16), em 12 municípios, mandados de prisão, busca e apreensão contra acusados de envolvimento na recente onda de violência no estado. Dos 97 mandados de prisão expedidos pela Justiça catarinense, 70 haviam sido cumpridos até o fim desta manhã - desses, 45 pessoas já estavam presas por outras acusações.
A Força Nacional de Segurança Pública também transferiu hoje 40 líderes da facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense) de seis cadeias de Santa Catarina para presídios federais de segurança máxima fora do Estado, mesmo assim a violência continua na região.
Entre 18h de sexta e 7h de sábado, ocorreram cinco novos ataques. Com isso, subiu para 106 o total de ocorrências registradas desde 30 de janeiro, quando teve início a atual onda de ataques, que já ocorreram em 32 cidades catarinenses. Em Balneário Rincão, bandidos tentaram queimar a casa da irmã de um policial civil. Três ônibus foram incendiados, em Chapecó, Campos Novos e Itapoá. Em São José, na Grande Florianópolis, motoqueiros passaram atirando na sede da Guarda Municipal. Nenhum dos incidentes teve feridos.
Os 40 presos foram retirados da cadeia de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, considerada a mais problemática por abrigar a cúpula do PGC, e de Joinville, Criciúma, Chapecó e Itajaí e levados por aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) para um presídio federal fora do Estado, que, segundo fontes da Secretaria de Segurança de Santa Catarina, seria o de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
O governador Raimundo Colombo disse após o término da operação, que durou 18 horas, que "foi quebrada a espinha dorsal do crime organizado em Santa Catarina".
O PGC ordena ataques a ônibus e instalações policiais em protesto contra as condições do sistema prisional.
Na entrevista coletiva, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que "há mais vagas disponíveis para outras transferências".
Cardozo anunciou ainda o início da "Operação Divisa", que visa a asfixiar financeiramente o crime organizado. "Trata-se de um cerco policial nas entradas de Santa Catarina por terra, mar e ar". Segundo ele, haverá barreiras fixas nas estradas e operações táticas, com veículos fiscalizando carros nas rodovias.
A tropa federal chegou ao Estado na sexta-feira (15) para ajudar a polícia local no combate ao crime organizado, que comanda das cadeias os ataques.
Policiamento nas ruas
O reforço no policiamento ostensivo é evidente nas ruas. Os ônibus urbanos da capital recomeçaram a circular no horário normal de 6h às 23h, depois que a prefeitura e o governo do Estado reforçaram a escolta nas linhas noturnas.
Em Blumenau, um destacamento com cerca de 40 agentes da Força Nacional ocupou o presídio local na noite de sexta. Segundo o delegado Rodrigo Marchetti, dez presos da cidade deverão ser transferidos para presídios federais.
Outro destacamento está em Joinville, a maior cidade do Estado. O presídio local é considerado altamente problemático, porque foi ali que foram gravadas imagens de agentes do Deap (Departamento de Administração Prisional) disparando balas de borracha contra presos, incidente considerado um dos que deflagraram a onda de violência. Um inquérito foi aberto para apurar a ação dos agentes, mas seu resultado ainda não é conhecido.
Entenda
Segundo a polícia, as ações foram ordenadas por líderes de facções criminosas que atuam de dentro dos presídios catarinenses. Os presos alegam que sofrem tortura, não têm atendimento médico e odontológico, nem abastecimento regular de água, além de poucos agentes para que todos posam tomar o banho de sol.
No fim do ano passado, a ouvidora da Secretaria Nacional de Direitos Humanos foi a Santa Catarina, constatou uma série de problemas, e solicitou providências. Na atual série de crimes, os presos, na visita da equipe da Corregedoria do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, disseram que os problemas não foram resolvidos, entre eles o não término da apuração dos casos de tortura.
Os detentos, no entanto, questionaram a rapidez da Polícia Civil em investigar a morte da agente prisional Deise Alves, ocorrida em agosto, com o indiciamento de 11 pessoas. Há suspeita que os atentados do ano passado possam estar relacionados com o crime, já que o alvo, segundo a Polícia Civil, seria o marido dela, Carlos Alves, diretor da penitenciária de São Pedro de Alcântara, que pediu afastamento do cargo após a morte de Deise. Alves atribuiu o assassinato à uma das facções que age no estado e controlaria o presídio.
Os detentos dizem que, após a morte da agente prisional, a situação ficou insustentável e chegaram a denunciar a violência praticada pelo diretor e um grupo de agentes em um vídeo gravado pelos próprios detentos. As imagens mostram uma suposta revista em uma cela acompanhada de choques elétricos, tapas e ameaças. Os recentes atentados também são atribuídos à transferência de alguns presos. (Com Renan Antunes de Oliveira, do UOL, em Florianópolis, Agência Brasil e Valor)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.