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Outro vigia nega ter visto Gil Rugai saindo de casa onde ocorreram assassinatos

Ana Paula da Rocha e Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

20/02/2013 17h06Atualizada em 20/02/2013 18h27

A quarta testemunha ouvida nesta quarta-feira (20) no júri popular do estudante Gil Rugai, 29, é vigia da rua Atibaia, próxima de onde morava o casal Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitino, em Perdizes, zona oeste de São Paulo. Valeriano Rodrigues dos Santos não confirmou a versão de outro vigia, colega dele de trabalho e considerada testemunha-chave da acusação, segundo a qual Rugai deixou a residência das vítimas no dia do crime. Ele disse que não viu o ex-seminarista saindo do local dos assassinatos.

O depoimento começou às 16h30 e durou cerca de meia hora. A defesa ouviria nove pessoas hoje, mas já abriu mão de duas testemunhas.

"Achei que o barulho fosse de bombinha", disse. Santos é testemunha de defesa; o primeiro vigia a depor, na última segunda (18), era testemunha da acusação. No início do depoimento, o vigia contou que achava ter ouvido o barulho do que pensava serem as bombinhas às 21h10. Depois, questionado sobre o que teria dito quando interrogado na época da investigação, disse que acha que relatou ter ouvido o barulho entre 21h e 22h.

Ele também falou que, à época do crime, um policial insistiu para que ele dissesse que viu o ex-seminarista saindo da casa. "Ele insistiu para eu dizer que tinha visto, bateu na mesa e apontou para mim: 'você viu'", contou. Santos disse que não se sentiu intimidado com a situação e definiu o interrogatório como pesado.

A testemunha também afirmou que o delegado ficou nervoso ao interrogá-lo: "ele queria que eu falasse que vi sem ter visto, mas se eu não vi, como iria falar isso?". Questionado pela acusação se ele teria sido ameaçado pela polícia, ele respondeu que não.

O vigilante disse que o cachorro do casal assassinado não era tão manso e que costumava latir quando chegava uma pessoa estranha. Entretanto, questionado se o cão latia quando chegava alguém da família, não soube responder. O fato de nenhuma testemunha ter relatado ouvir o animal latir na noite do crime foi citado no inquérito como um dos indícios de que o criminoso era alguém conhecido e frequentador da casa.

Entenda o caso

O ex-seminarista Gil Rugai, 29, é acusado de tramar e executar a morte do pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, 33, em 28 de março de 2004. O casal foi encontrado morto a tiros na residência onde morava no bairro Perdizes, zona oeste de São Paulo.

Segundo a acusação, o crime foi motivado pelo afastamento de Gil Rugai da empresa do pai, a Referência Filmes. O ex-seminarista estaria envolvido em um desfalque de R$ 100 mil e, por isso, teria sido demitido do departamento financeiro.

Durante as perícias do crime foram encontrados indícios que, segundo a acusação, apontam Gil Rugai como o autor do crime. Um deles foi o exame da marca de pé deixada pelo assassino numa porta ao tentar entrar na sala onde Luiz Carlos tentou se proteger.

O IC (Instituto de Criminalística) realizou exames de ressonância magnética no pé de Rugai e constatou que havia lesões compatíveis com a marca na porta.

Outra prova que será apresentada pela acusação foi uma arma encontrada, um ano e meio após o crime, no poço de armazenamento de água da chuva do prédio onde Gil Rugai tinha uma agência de publicidade.

O exame de balística confirmou que as nove cápsulas encontradas junto aos corpos do empresário e da mulher partiram dessa pistola.

O sócio de Rugai afirmou que ele mantinha uma arma idêntica em uma gaveta da agência de publicidade e que não a teria visto mais lá no dia seguinte aos assassinatos. Gil Rugai chegou a ser preso duas vezes, mas foi solto por decisões da Justiça.