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Advogado de Bruno tentará convencer jurados de culpa de Macarrão na morte de Eliza

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

01/03/2013 06h00Atualizada em 01/03/2013 14h35

O advogado Lúcio Adolfo da Silva, defensor do goleiro Bruno Souza, adiantou, em entrevista ao UOL, qual será o principal argumento da defesa no julgamento do jogador, que se inicia na próxima segunda-feira (4). Ele afirmou que tentará convencer os jurados da culpa exclusiva de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, na morte de Eliza Samudio, ex-amante do atleta. “Quem você enxerga, nesse processo, com mais motivos para matar a Eliza Samudio? O Macarrão tinha indisposição, tinha problemas com todo mundo que se colocava entre o Bruno e ele”, disparou.

A tese não é nova, já havia sido explorada pelo ex-advogado do goleiro Rui Pimenta, que ainda havia insinuado uma relação homossexual entre o arqueiro e seu ex-braço-direito. No entanto, Pimenta voltou atrás e passou a afirmar que Eliza estava viva, negando a morte dela.

Macarrão foi condenado em novembro do ano passado a 15 anos de prisão, sendo 12 em regime fechado pelo assassinato da moça, e três em regime aberto pelo sequestro e cárcere privado do filho de Eliza com o goleiro Bruno.
Silva defende que Macarrão tenha agido à revelia do jogador.

“Essa tese brota naturalmente na cabeça das pessoas. Essa possibilidade é tão viável, é tão possível, que qualquer pessoa comum analisa essa possibilidade”, afirmou.

O discurso de Silva é semelhante ao de Jorge Luiz Lisboa Rosa, primo de Bruno, que em entrevista ao programa "Fantástico", da "TV Globo", procurou transmitir a Macarrão a culpa pela morte de Eliza.

Rosa consta do rol de testemunhas, tanto da defesa quanto da acusação, a serem ouvidas a partir da segunda-feira (3).

“Ele é a testemunha que sustenta toda a acusação, a testemunha que deu origem a tudo. A denúncia é a narrativa do Jorge. Se ele é mentiroso [aludindo aos depoimentos controversos de Rosa], é a testemunha da acusação que está sendo mentirosa", afirmou.

As declarações dadas à polícia pelo primo do goleiro, em 2010, quando ainda era menor de idade, foram as mais contundentes e resultaram no pedido de prisão do goleiro.

“Ele [promotor Henry Castro, representante do Ministério Público] não disse que a prova substancial que ele tem são as palavras do menor [Jorge Lisboa]? Então vamos ouvir o menor”, afirmou.

Além de Bruno, a sua ex-mulher Dayanne de Souza também será julgada a partir da próxima semana.

O UOL tenta contato com o advogado de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão.

“Vou esperar o promotor”

Em outra frente, o advogado afirmou que as provas sobre o crime terão que ser produzidas pelo promotor do MPE (Ministério Público Estadual).

“Eu não tenho que provar nada para ninguém. A realidade é essa. Vou esperar o promotor. A acusação faz as imputações, ela acusa. E ela tem que sustentar as acusações dela. Diante da prova que ele [promotor] apresentar, eu vou enfrentá-la”, afirmou.

A reportagem não conseguiu contato com o advogado Francisco Simim, defensor de Dayanne de Souza, ex-mulher do goleiro Bruno, para saber quais seriam os passos adotados para tentar livrá-la da condenação. Lúcio Adolfo da Silva, entretanto, disse ter se reunido nesta semana com Simim para “afinarem o discurso”.

“Na verdade, não existe prova nenhuma contra a Dayanne no que se refere à questão do sequestro (do filho de Eliza). Ninguém da acusação nunca afirmou que a criança foi maltratada (Dayanne chegou a ser presa em flagrante, em 2010, sob acusação de ter recebido e ocultado o filho de Eliza), castigada ou abusada”, afirmou o defensor de Bruno.

Silva ainda disse que a defesa entende ser o caso, em relação a Dayanne, da competência  da Justiça de Ribeirão das Neves, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. “O menor (filho de Eliza) foi encontrado pela polícia em Ribeirão das Neves. Onde é que deveria ter sido julgado isso aí? É um absurdo”, declarou.

O advogado afirmou ainda que Dayanne simplesmente acolheu a criança sem ter noção de que o menino havia sido tomado dos braços da mãe. “Ela era casada com o Bruno. O Bruno entregou a ela o filho dele, para ser cuidado. Nós não podemos falar em sequestro. Essa deve ser a linha de raciocínio que o Simim vai acompanhar."