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Motorista não se lembra de acidente com ônibus no Rio, diz delegado

Julia Affonso

Do UOL, no Rio

03/04/2013 11h55Atualizada em 03/04/2013 13h17

O titular do distrito policial de Bonsucesso (21ª DP), José Pedro Costa da Silva, esteve nesta quarta-feira (3) no Hospital Getúlio Vargas para ouvir o motorista do ônibus que caiu na avenida Brasil, zona norte do Rio de Janeiro, matando sete pessoas na terça (2). Segundo Silva, o condutor André Luiz da Silva Oliveira, 33, teve perda de memória recente e não se lembra de nada do que aconteceu no dia do acidente.

"O motorista não tem condições de prestar esclarecimentos. Ele ainda está em estado de choque e não se recorda do acidente, a memória recente dele está prejudicada", afirmou o delegado. Ele teve fratura na perna e traumatismo craniano.

A principal hipótese com a qual o delegado trabalha é a de agressão ao motorista durante uma discussão com um passageiro. Oliveira estaria em alta velocidade quando passou do ponto onde um jovem queria descer e isso teria iniciado a briga. "Já temos algum indicativo de autoria e precisamos formalizar o reconhecimento dessa pessoa que seria o agressor. Seria um universitário", disse.

Se comprovada a responsabilidade de um suposto agressor –que ainda não foi identificado--, ele pode responder por homicídio doloso (com intenção de matar), de acordo com o titular da 21ª DP.

Briga

Uma das pessoas que ficou ferida no acidente, Amanda Santana Silva, 19, disse para sua mãe que o motorista levou um chute no rosto segundos antes do veículo cair do viaduto Brigadeiro Trompowski.

A mãe de Amanda, Conceição Rodrigues Santana, que foi visitá-la no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, zona norte do Rio, contou que, segundo a jovem, o motorista não parou no ponto onde um homem queria descer, antes do viaduto. Os dois teriam iniciado uma discussão e o jovem teria pulado a catraca e chutado o rosto do condutor, que perdeu o controle do veículo. "Ela disse que o homem pulou a catraca, ficou discutindo com o motorista e acertou um pontapé no rosto dele. Ela disse que viu o motorista virando de lado, e o ônibus caiu", afirmou.

Câmeras

A polícia procura agora pelo chip da câmera interna do ônibus, que se perdeu durante o acidente. Sem ele, não é possível visualizar as imagens gravadas no interior do veículo. Uma equipe faz uma busca nos destroços do ônibus para tentar encontrar o dispositivo. "Com o choque, o cartão de memória se perdeu. Estamos fazendo uma perícia complementar no ônibus para encontrar", afirmou o delegado. "A câmera quebrou, mas poderíamos usar o chip em outro equipamento para vermos as imagens."

Por enquanto, ele espera trabalhar com as imagens registradas pelas câmeras da CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego), que mostrariam o veículo do lado de fora no momento do acidente.

Veja o local onde o ônibus caiu

  • Arte/UOL

Licenciamento vencido

O ônibus da Viação Paranapuan estava com a vistoria anual obrigatória do Detran-RJ vencida. De acordo com o site do Detran-RJ, o último licenciamento do coletivo, placa KYI 0973, foi feito em 2011.

Fabricado em 2007, o ônibus acumula 47 multas desde 2008, que somam R$ 4,4 mil, segundo a página da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) na internet. A última infração foi registrada em 19 de março, às 14h03, por transitar na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, acima da velocidade permitida. Há outras 13 multas por excesso de velocidade, e 12 por avanço de sinal.

O acidente deixou sete mortos e 11 feridos, dois em estado gravíssimo. Os mortos foram identificados pelos bombeiros como Luiz Antônio do Amaral, de 41 anos; Marcius Flávio do Nascimento, de 36; Oséas da Silva Cardoso, de 39; Ângela Maria Reis da Silva, de 62; Francisco Batista de Souza, de 40; José Aparecido de Jesus, de 41; e Luciana Chagas da Silva, de 26.