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Índios invadem mais duas fazendas em Mato Grosso do Sul

Celso Bejarano

Do UOL, em Campo Grande

03/06/2013 08h55

Cerca de cem índios invadiram no final da tarde desse domingo (2) mais duas propriedades em Sidrolândia (71 km de Campo Grande), onde na última quinta-feira (30) um índio terena morreu durante operação de reintegração de posse em área da fazenda Buriti.

Ontem foram invadidas as fazendas Cambará, em frente à Buriti, e a fazenda Lindoia, a 8 km dali. Somadas à invasão da fazenda Esperança, em Aquidauana, na sexta-feira (31), agora já são quatro áreas ocupadas na região em menos de uma semana.

No último sábado (1º), índios guaranis, kadwéus e terenas reuniram-se com representante do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), ruralistas, entidades de classe e a cúpula da segurança e judiciário sul-mato-grossenses.

Na audiência, eles disseram que permaneceriam apenas na fazenda Buriti, onde ocorreu a morte do índio Oziel Gabriel, 35, e Esperança, em Aquidauana. Pelo combinado, os índios aguardariam 15 dias, desde que a Justiça não emitisse novos mandados de reintegração de posse.

Vanth Vani, dono da fazenda Cambará, disse que cria 1.200 cabeças de gado na área e que seus empregados foram obrigados a deixar a fazenda. Leonel Lemos de Souza Brito, conhecido como Leleco, prefeito da cidade de Bonito e dono da fazenda Lindoia, disse que ficou sabendo da invasão por meio de telefonema dos funcionários, que também saíram da propriedade.

Terenas reúnem-se em fazenda onde índio foi morto

Vanth e Brito informaram que a Justiça Federal concedeu a eles liminar de mandado proibitório, medida que impediria as invasões. Até agora, as lideranças indígenas não se manifestaram quanto às duas ocupações.

Desocupação imediata

Ainda ontem à noite, a Justiça Federal determinou a imediata desocupação da fazenda Buriti, área do conflito que o índio Oziel morreu baleado com tiro na barriga. A decisão foi da juíza substituta Raquel Domingues do Amaral.

A magistrada deu prazo de 48h à Funai. Do contrário, a instituição terá de pagar multa de R$ 1 milhão por dia. Representantes da Funai seguiriam para a área nesta manhã. A fazenda Buriti foi reocupada na sexta-feira, um dia após os índios terem sido tirados da área, ocupada desde o dia 15 de maio.

A operação da reintegração de posse durou seis horas e houve confronto entre os índios e os policiais. Seis índios ficaram feridos e um morreu. Oito policiais militares e três federais também saíram feridos.

Até agora o corpo do índio Oziel Gabriel não foi enterrado. O velório foi suspenso na sexta-feira para que o corpo fosse levado para outra autópsia. A medida é um meio de descobrir o calibre da arma que matou o terena. Ontem, o corpo foi devolvido à aldeia, e o sepultamento ocorre pela manhã.

Os índios brigam por área de 17 mil hectares entre as cidades de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, hoje ocupadas por ao menos 30 fazendeiros. Essas propriedades foram tidas como territórios indígenas, mas os produtores recorreram, e o caso segue na Justiça.