Índios impedem a entrada de funcionários na sede da Funai em Brasília
Os cerca de 150 índios que ocupam a sede da Funai em Brasília impediram na manhã desta terça-feira (11) a entrada de funcionários no prédio. Os servidores estão sem trabalhar até agora. O grupo foi para lá ontem de manhã, pediu para usar um auditório e resolveu ficar no local. Eles pedem ao governo auxílio com comida e transporte de volta para o Pará.
Desde a manhã de hoje, segundo a assessoria de imprensa da Funai, uma equipe de representantes do órgão tenta negociar com os indígenas para que o trabalho possa ser retomado. Parte dos índios deixou o prédio por volta das 12h em direção à Esplanada dos Ministérios.
O ato é realizado por indígenas de quatro etnias (mundurucu, xipaia, arara e caiapó), atingidas pela construção das usinas hidrelétricas de Belo Monte e do rio Tapajós, no Pará.
Esse é o mesmo grupo que de índios que havia invadido em maio o canteiro principal das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Na semana passada, foram levados a Brasília pelo governo federal para se reunirem com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República. A reunião ocorrida na terça (4), porém, terminou em impasse.
Uma nova reunião havia sido marcada para ontem de manhã, mas acabou não ocorrendo. Em nota, o governo afirmou que Carvalho “aguardou por cerca de uma hora pela reunião”, mas que “os indígenas recusaram-se a participar da reunião, limitando-se a protocolar um documento na Presidência da República”.
A versão dos índios é diferente. Eles dizem que Carvalho descumpriu o que haviam combinado e quis receber apenas uma comissão com dez integrantes, em vez do grupo todo.
Os índios exigem a suspensão das obras das usinas sob o argumento de que não foram consultados previamente, conforme determina a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Depois do encontro frustrado de ontem, os indígenas decidiram ir para a Funai tentar conseguir mais alguns dias de acomodação em Brasília. Eles estavam em uma chácara em Luziânia, em Goiás (a 60 km de Brasília), cedida pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), ONG ligada à Igreja Católica.
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