Para UFRJ, ação do Bope na Maré mostra tratamento diferenciado do Estado a pobres
O Conselho Universitário da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) divulgou uma moção nesta quinta-feira (27) criticando a ação do Bope (Batalhão de Operações Especiais) no Complexo da Maré, que resultou na morte de dez pessoas na segunda-feira (24). Em nota, a universidade afirma acompanhar com indignação as “ações militarizadas truculentas nas regiões mais carentes de recursos da cidade, que evidenciam o tratamento diferenciado que o Estado ainda confere às populações pobres”.
A universidade lembrou ainda a manifestação do último dia 20, quando cerca de 700 pessoas se esconderam na sede da faculdade de Direito e no IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais) com medo da violência da Polícia Militar, que entrou em confronto com grupos de manifestantes que ocupavam o centro da cidade.
“Este Conselho espera que as violências cometidas sejam exemplarmente investigadas e punidas, e que as manifestações continuem sendo garantidas nas ruas, alertando para que não se reproduzam a repressão, violência e prisões arbitrárias, já vividas num passado ainda recente do Brasil”, afirma a nota, lembrando a ditadura militar.
Mais cedo, a ONG Justiça Global anunciou que vai denunciar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, entidade da OEA (Organização dos Estados Americanos), o subcomandante do Bope, major João Jacques Busnello, responsável pela operação na favela Nova Holanda.
A Polícia Militar entrou na comunidade no fim da tarde de segunda-feira, em busca de homens que aproveitaram uma manifestação nas proximidades para promover arrastão, roubando mercadorias de lojas e assaltando motoristas que passavam pela avenida Brasil. Entre os mortos, estão um policial do Bope e outros três moradores que não tinham antecedentes criminais.
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