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Cabral "não entendeu os recados das ruas", diz deputado sobre uso de helicópteros oficiais no Rio

Do UOL, no Rio

08/07/2013 12h33

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), candidato derrotado nas eleições de 2012 para a Prefeitura do Rio de Janeiro, afirmou nesta segunda-feira (8) que solicitará à Procuradoria-Geral de Justiça do MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) investigação sobre o suposto uso ilegal dos helicópteros oficiais do Estado por parte do governador Sérgio Cabral (PMDB).

Segundo reportagem da revista "Veja", Cabral teria utilizado as aeronaves para transportar a família e funcionários até a sua casa de veraneio em Mangaratiba, no litoral fluminense.

Para Freixo, o governador "continua aéreo", e "não entendeu os recados das ruas" --em referência aos protestos que ocorreram na capital fluminense nas últimas semanas, entre os quais o ato "Fora Cabral", realizado na rua onde mora Cabral e a família, no Leblon, na zona sul da cidade. "As denúncias sobre uso ilegal e imoral dos helicópteros são graves", afirmou o deputado do PSOL.

Além das viagens a Mangaratiba, de acordo com "Veja", Cabral percorreria diariamente, de helicóptero, o trajeto entre o heliporto da Lagoa e o bairro de Laranjeiras, na zona sul, onde está localizado a residência oficial do governo do Estado, o Palácio Guanabara. A distância seria de aproximadamente sete quilômetros.

"O governador afirmou ter direito de utilizar o helicóptero para se deslocar ao trabalho. Não é razoável diante da distancia percorrida", completou Freixo, que marcou uma reunião com a sua equipe, na manhã desta segunda-feira, para definir quais serão os próximos passos no sentido de cobrar explicações do governador.

Na versão do Executivo fluminense, Cabral utilizaria os helicópteros oficiais somente quando necessário. Segundo o peemedebista, "todos os governadores de Estado dispõem de frota de helicópteros", e "não procede que haja uso de helicópteros do Estado para transporte de amigos e de prestadores de serviço".

"O governador Sérgio Cabral encara como uma perseguição ao seu mandato informações que soem como 'denúncias' quanto ao uso de helicópteros do Estado para utilização pessoal", afirmou a assessoria de Cabral, em nota.

Ao UOL, o Ministério Público do Estado afirmou que ainda não há procedimento de investigação acerca das informações veiculadas pela revista "Veja". A reportagem solicitou uma entrevista com o procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, porém ainda não obteve retorno da assessoria do MP.

Autoridades fazem uso indevido de aviões

O presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta sexta-feira (5) que vai devolver R$ 32 mil aos cofres públicos devido ao uso de um voo da FAB (Força Aérea Brasileira) no último dia 15 de junho, para fins particulares. Segundo a "Folha de S.Paulo", Renan requisitou um avião modelo C-99 para ir de Maceió a Porto Seguro (BA), onde participou do casamento da filha do senador Eduardo Braga (PMDB-AM).

Quantidade de voos da FAB usados por instituições federais

AnoVice-presidência da RepúblicaCâmara dos DeputadosSenado FederalSTF
2011147143523
2012138120462
De 1º.jan a 4.jul.20137863306
Total36332612811

A "Folha de S.Paulo" revelou que o ministro da Previdência, Garibaldi Alves, também fez uso de aeronave oficial em final de semana, o ministro saiu de Brasília na sexta-feira passada, às 6h, com destino a Fortaleza para cumprir agenda oficial na cidade de Nova Morada (CE). O compromisso acabou pela manhã, e, em vez de retornar à capital, o ministro foi direto para o Rio de Janeiro, onde não tinha compromissos oficiais.

Voo da FAB grátis

  • Divulgação

    Qualquer cidadão civil também pode pleitear um lugar nos voos da Aeronáutica, sem custo nenhum, para todas as regiões do país, desde que haja vagas nas aeronaves. Clique na imagem para ler a matéria

Em nota oficial, o Ministério da Previdência declarou que Garibaldi Alves tinha passagem comprada para ir ao Rio em avião comercial. O documento também afirma que o ministro voltou a Brasília em voo comercial, e não informa se Alves pretende ou não devolver o dinheiro gasto aos cofres públicos.

No entanto, segundo a nota, ele decidiu mudar o itinerário e avisou a mudança ao Comando da Aeronáutica. "Ao final da cerimônia oficial no Ceará, em vez de retornar a Brasília, ou mesmo a Natal, como lhe facultava o art. 4º do Decreto n.º 4.244/2002, a aeronave da FAB o levou diretamente ao Rio de Janeiro. "

Garibaldi é primo do presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que também usou avião da FAB para ver o mesmo jogo da seleção no Maracanã, em que levou sete convidados de Natal para o Rio. Alves disse que ressarciu o dinheiro das passagens aos cofres públicos.

Nesta sexta-feira (5), Garibaldi comunicou ao Palácio do Planalto que irá ressarcir os cofres públicos do valor do voo no avião da FAB.

Nas solicitações para usar as aeronaves da Força Aérea Brasileira, Renan e Henrique Alves alegaram que a viagem seria "a serviço", de acordo com o que estabelece o decreto 4.244/2002 – que prevê atendimento apenas para situações em que haja motivo de segurança, emergência médica, serviço e deslocamentos para o local de residência permanente. A assessoria da FAB informou não dispor, até o momento, da justificativa apresentada pelo ministério para a ida de Garibaldi ao Rio de Janeiro.