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Sem saber, papa escolheu seu nome e também de um bebê carioca

Músico Pedro Pessoa,  34, segura o bebê Francisco Durante Pinto, ao lado da mãe da criança, a tradutora Lucila Duran, 32 - Arquivo Pessoal
Músico Pedro Pessoa, 34, segura o bebê Francisco Durante Pinto, ao lado da mãe da criança, a tradutora Lucila Duran, 32 Imagem: Arquivo Pessoal

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

29/07/2013 19h58

O argentino Jorge Mario Bergoglio não sabia, mas ao assumir o nome Francisco, depois de ser eleito papa, em março deste ano, acabou batizando também um pequeno brasileiro, que nasceu na última quarta-feira (24), no Rio de Janeiro, durante sua passagem pela cidade. Mesmo antes de completar uma semana de vida, a história de Francisco Duran Pinto já é marcada por coincidências e pela fé de seus pais.

Faltavam quase cinco meses para o nascimento do segundo filho do casal, mas o músico carioca Pedro Pessoa, 34, e a mulher dele, a tradutora argentina Lucila Duran, 32, ainda não haviam chegado a um consenso sobre o nome do bebê.

"Eu queria Vinícius, porque sou músico, e ela queria Caio. Não estávamos conseguindo definir", afirma Pedro.

No momento de indecisão, o então papa Bento 16 anunciou que renunciaria ao cargo. Católico, assim como a mulher, Pedro sugeriu, "meio que na brincadeira", que o filho ganhasse o nome do próximo papa.

"Ela resistiu um pouco", diz Pedro. Quis o destino que o então arcebispo de Buenos Aires, cidade natal de Lucila, fosse o escolhido do conclave. O que era brincadeira se tornou promessa.

 

"Achamos o nome incrível. Foi uma surpresa muito grande para Lucila porque ela conhecia Bergoglio e já tinha ido a missas dele em Buenos Aires. Ela ficou muito emocionada e entusiasmada", afirma o músico carioca.

No momento em que o pai atendia a reportagem, a mãe, que mora há cinco anos no Brasil, dava banho no recém-nascido, na casa da família, em Piedade, na zona norte do Rio.

Pela previsão do médico de Lucila, o parto deveria acontecer na primeira semana de agosto. Francisco nasceria, portanto, após a visita do papa, que estava no Rio por conta da JMJ (Jornada Mundial da Juventude). "Mas ela fez uma ultrassonografia uma semana antes e o médico percebeu que o bebê já estava pronto para nascer, e marcou a cesariana para o dia 24", diz Pedro.

"Foi pura coincidência, maravilhosa pra gente, ele estar no Brasil na mesma época. Foi uma pena não conseguirmos ver ele de perto, mas ficamos acompanhando pela televisão quase 24 horas desde que ele chegou", diz o pai de Francisco. "Até ficamos preocupados com o trânsito e com as manifestações por causa da JMJ, mas graças a Deus deu tudo certo", comemora.

O menino nasceu com 3,490 kg e 50 cm, às 20h07, no Hospital do Amparo, localizado no Rio Comprido, na área central do Rio de Janeiro. A mãe não gosta, mas alguns amigos e o próprio Pedro já começaram a chamar o garoto de "Papinha". "É um apelido inevitável", opina o pai.

"Milagre"

Poucas horas antes do nascimento, outra coincidência. O papa Francisco visitava em Aparecida, São Paulo, a imagem de Nossa Senhora de Aparecida, santa a qual os pais do outro Francisco têm motivos de sobra para agradecer.

Em 2010, Lucila se preparava para o parto da primeira filha, Olívia -- segunda filha de Pedro, que já tem Marina, fruto do primeiro casamento. "Quando ela estava para nascer, minha esposa teve um choque anafilático por conta de rejeição à anestesia, teve duas paradas cardíacas e entrou em coma", afirma o marido.

"Fiquei desesperado. No segundo dia, decidi pedir à Nossa Senhora que minha mulher se recuperasse. Peguei o carro de madrugada e fui até a paróquia de Araruama [na Região dos Lagos]. Passei a noite toda sozinho na igreja, rezando. Quando voltei, o médico me chamou e disse que ela tinha acabado de apresentar sinais vitais", descreve. "Eu trato como um milagre", diz Pedro.

Segundo ele, o parto de Francisco causou muita apreensão na família.

"Estávamos muito preocupados. O médico não deu nenhuma garantia de que ela poderia ter problemas no parto de novo. Só disse que estaria preparado para reverter o quadro. A angústia foi intensa", afirma.

Mãe e filho não tiveram qualquer complicação. Neste domingo (28), já estavam em casa, na frente da televisão, assistindo à transmissão da missa de envio celebrada pelo papa Francisco em Copacabana.

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