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UOL na JMJ: A semana que sepultou no Rio o bordão "imagina na Copa"

Carolina Farias

Repórter

30/07/2013 06h00

Acho que a semana em que o Rio de Janeiro recebeu a Jornada Mundial da Juventude sepultou o bordão "imagina na Copa".

A cidade parece ter subestimado o volume de peregrinos que receberia e a população, principalmente da zona sul, se viu ilhada --a não ser que se nadasse a pé no meio dos peregrinos, não havia como sair de Copacabana, do Leme e de parte de Botafogo.

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As perguntas dos moradores, assim como dos peregrinos, eram na linha "Tinha que ter o bilhete do metro?", "Vão deixar os ônibus passarem?". Ou o carioca andava com o olho pregado nas notícias ou não saberia se locomover.

Um dos personagens mais característicos do jeito carioca, o taxista, era o mais revoltado com a situação: "O trânsito não anda", "Esse povo não pega táxi". Ouvi minutos de reclamações de um taxista que me atrevi a pegar no sábado. Ele era um sintoma do que o resto da população sentia.

Nada de ir no bar ou ao restaurante favorito. Não sem se irritar com a espera e a educação pitoresca da massa que ocupou o Rio: quando se está em grupos grandes, parece que o "com licença" e o "por favor" ficam esquecido em algum canto.

A semana exigiu uma dose a mais de paciência dos cariocas --tanto os de nascimento quanto os de endereço, como eu.

As caminhadas no meio dos peregrinos me renderam dores em músculos das pernas que eu nem sabia existir, mas ver a energia de jovens do mundo inteiro foi interessante.

Às vezes, a energia era reposta quase que imediatamente: quando o papa passava, ver a onda de excitação que tomava conta das pessoas já servia como estímulo. Francisco me tocou um pouco, mas me emocionaram mesmo os olhos e sorrisos de contentamento de quem se espremia, corria e andava muito para tentar vê-lo.

Falar com padres do Zimbábue. Ganhar um CD e uma bandeirinha com um convite "Vá conhecer nosso país" de um grupo de Curaçao. Essas foram ações espontâneas e genuínas de generosidade e simpatia que me deixaram sem ação.

Meu saldo é de que, apesar do cansaço e de todos os problemas da cidade escancarados, fazer parte dessa Jornada, mesmo que a trabalho, foi melhor que fazer a cobertura de uma tragédia.

E, por fim, ainda ganhei um abraço coletivo "forçado" da turma do abraço grátis quando o povo ia deixando Copacabana. "Abraça a gente, você está precisando". Ainda não sei se gostei, mas foi um belo fecho para uma semana surpreendente.

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