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Protesto contra Cabral no palácio Guanabara tem ação do Choque e depredação

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

12/08/2013 18h23Atualizada em 13/08/2013 01h27

Após uma série de confrontos entre manifestantes e policiais durante protesto contra o governador Sergio Cabral (PMDB) na frente do palácio Guanabara  --localizado em Laranjeiras, zona sul da capital fluminense-- o Batalhão de Choque da Polícia Militar entrou em ação, disparando bombas de efeito moral e gás pimenta para dispersar cerca de 200 manifestantes na noite desta segunda-feira (12).

Ao menos três pessoas ficaram feridas, entre elas dois policiais, segundo a PM, e quatro pessoas foram detidas e já foram liberadas, segundo a OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro).

Após a dispersão, um grupo que reúne cerca de 50 a 100 manifestantes chegou a se reagrupar na confluência da rua Ipiranga com a rua Conde de Baependi, nas cercanias do Guanabara, também no bairro de Laranjeiras.

A maioria desse grupo também se dispersou por volta das 22h45, mas parte voltou para a frente da Câmara Municipal. Durante a movimentação, os manifestantes espalharam e queimaram lixo nas ruas, depredaram placas, lixeiras, orelhões e uma lanchonete da rede McDonald's e chegaram a bloquear totalmente a rua Conde de Baependi.

Protesto tem quatro detidos já liberados e ao menos três feridos

De acordo com o plantão da OAB-RJ, quatro pessoas foram detidas durante a manifestação e à 0h50 todos já haviam sido liberados. Segundo advogados voluntários da entidade, dois deles foram levados para a delegacia do Catete (9ª DP) e os outros dois, que eram menores de idade, foram levados para a unidade de Copacabana (12ª DP). A reportagem procurou a Polícia Civil para confirmar as informações mas não obteve resposta até o momento.

A PM informou que dois policiais, um deles o comandante da 1ª CIPM (Companhia Independente da Polícia Militar), major Takamine, foram feridos a pedradas.

Um fotógrafo do veículo de mídia independente Zona de Conflito identificado como Marcos de Sordi foi atingido na perna por um estilhaço de bomba de efeito moral e foi levado por um veículo do Samu ao hospital.

Antes, um repórter da Band News FM, que pediu para não ser identificado, havia sido acertado por uma pedra na cabeça, jogada por manifestantes contra a polícia. Ele foi atendido na Casa de Saúde Pinheiro Machado, na mesma rua onde está situada a sede do Governo Estadual, onde foi submetido a exames e levou pontos. Ele passa bem.

Tentativa de derrubar grades que cercavam o Guanabara provocaram ação da polícia

A ação do Choque aconteceu após uma série de tentativas dos manifestantes de derrubar as grades que cercam o Guanabara, sede do governo do Estado do Rio, sempre repelidas com disparos de gás pimenta por parte do efetivo policial que acompanhava o protesto desde seu início, no início da noite, na Igreja da Candelária, centro do Rio.

Pelo menos dez pessoas foram atendidas por socorristas voluntários nas cercanias do Guanabara em razão do uso do gás pimenta.

Uma socorrista de um grupo de voluntários que presta atendimento médico a manifestantes -- que não quis se identificar--, disse apenas na noite desta segunda mais de 200 ocorrências tratadas. Um de seus colegas, que também preferiu não revelar seu nome, disse que apenas ele atendeu a mais de 20 pessoas.

Mapa dos protestos

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Por volta das 20h40 desta segunda, policiais usaram spray de gás pimenta pela primeira vez para dispersar alguns dos cerca de 200 manifestantes que tentavam derrubaram as grades que cercam o palácio.

Os disparos de gás pimenta também atingiram Grupamento de Policiamento de Proximidade de Multidões, que circula entre os ativistas revistando suas mochilas e bolsas. A tentativa de invasão do palácio Guanabara deixou tenso o clima entre policiais e manifestantes.

Professores que ocupavam pátio são expulsos pela guarda do palácio Guanabara

Cerca de 30 professores da rede estadual de ensino foram ao palácio Guanabara na tarde desta segunda para tentar acompanhar dirigentes do sindicato da categoria, que foram recebidos pelo vice-governador Luiz Fernando Pezão para discutir a greve que atinge as escolas do RJ desde a última quinta-feira (8).

Os professores, que tiveram o acesso negado à reunião, conseguiram entrar em um pátio da sede do governo estadual e, para protestar contra o resultado da reunião --que acabou sem acordo que encerrasse a greve--, resolveram declarar a ocupação do pátio por volta das 17h.

De acordo com a professora Ilda Mara, os professores foram expulsos do local pela guarda do Guanabara --que usou socos, pontapés e disparos de spray de gás pimenta--, por volta das 21h. "Nossas únicas armas são o livro e o giz, e isso quando tem giz", disse a professora.

Em nota oficial, o governo do Estado do Rio se manifestou sobre a ocupação do palácio Guanabara. Veja a íntegra:

"O vice-governador, Luiz Fernando Pezão, e o subsecretário de Educação, Antonio Neto, receberam, nesta 2ª feira (12/08), em audiência no Palácio Guanabara, representantes do Sepe, para ouvir e manter o diálogo com o sindicato. Lamentavelmente, após a reunião, parte do grupo decidiu ocupar o Palácio. Irredutíveis, foram retirados do local pela segurança.

Infelizmente, em seguida, grupos radicais desejosos do confronto chegaram à frente do Palácio com ações violentas e tentativas de invasão, chutando o gradil, jogando coquetéis molotov e atirando rojões. Esses grupos não estão interessados no diálogo e na democracia. Apenas apostam no caos."

Representantes dos professores que estão no protesto negaram o uso de coquetéis molotov. A reportagem do UOL não observou o uso de coquetéis molotov durante o protesto.

Manifestação começou na Igreja da Candelária e passou pela Câmara Municipal

Os manifestantes caminharam em torno de 5 km da Igreja da Candelária, no Centro, até o Palácio Guanabara, nas Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro.

Ao chegarem ao Guanabara, por volta das 20h, os manifestantes jogaram três rojões contra policiais que faziam um bloqueio na frente do prédio.

De acordo com o tenente-coronel Mauro Andrade, comandante do Grupamento de Policiamento de Proximidade de Multidões, 80 homens atuam na manifestação. Eles circulam entre os ativistas revistando suas mochilas e bolsas desde o dia 25 de julho.

O grupo chegou à Câmara às 18h50, onde havia cerca de 50 pessoas.

Eles começaram a passeata na avenida Rio Branco às 18h20, liderados por manifestantes adeptos da tática Black Bloc e acompanhado por PMs. Em alguns momentos, os ativistas correram pelas vias, assustando pedestres, motoristas e comerciantes, que fecharam as portas de lojas, bares e restaurantes.

Às 18h30, o grupo chegou à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) e ocupou a escadaria do prédio por cerca de cinco minutos. Neste momento, os manifestantes estouraram duas bombas. Os policiais não reagiram.

Os alvos preferidos dos gritos de guerra dos manifestantes até o momento são Sérgio Cabral, o empresário Eike Batista e a Polícia Militar. O sumiço do pedreiro Amarildo de Souza, morador da favela da Rocinha desaparecido desde 14 de julho, também é lembrado pelos ativistas.

Cerca de 100 manifestantes se reuniram atrás da Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro, no início da noite desta segunda-feira (12), para participarem de mais uma manifestação contra o governador Sérgio Cabral (PMDB) e contra a composição da CPI dos Ônibus, da Câmara Municipal do Rio, que motivou a ocupação da Casa por cerca de 60 pessoas na última sexta (9). Há advogados da OAB acompanhando o grupo.

No local, há dezenas de policiais militares de diversos batalhões, além de 12 viaturas da PM, cinco micro-ônibus e três vans, que fizeram o transporte dos militares. Os policiais não informaram o efetivo que participa da operação, mas disseram que também há PMs na Cinelândia.