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Início da CPI dos Ônibus no Rio tem briga de manifestantes e sapatada em vereador

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

22/08/2013 10h02Atualizada em 22/08/2013 15h58

Pelo menos cem manifestantes ocuparam as galerias da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro nesta quinta-feira (22), para o início da primeira audiência da CPI dos Ônibus --que terá os depoimentos de três pessoas, entre as quais o atual secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório. Manifestantes contra e a favor do presidente da comissão, Chiquinho Brazão (PMDB), chegaram a trocar agressões do lado de fora da Casa. Uma mulher jogou um tênis no vereador Renato Moura (PTC), mas atingiu apenas a cadeira onde ele estava sentado e foi retirada do local.

As galerias da Câmara foram divididas entre manifestantes contrários aos membros escolhidos para a CPI de um lado e, do outro, eleitores do vereador Chiquinho Brazão. Eles duelaram para ver quem gritava mais. Sempre que um lado puxava o coro, o outro respondia imediatamente.

  • Kátia Carvalho/Estadão Conteúdo

    Manifestante é agredido durante briga no entorno da Câmara

A confusão teve início quando um grupo de 20 homens que estavam na Câmara apoiando o presidente da CPI, Chiquinho Brazão (PMDB), tentou se retirar da Casa. Do lado de fora, manifestantes contrários à composição da comissão aguardavam os apoiadores do parlamentar. Após troca de ofensas, um dos rivais dos manifestantes lançou uma pedra em direção aos black blocs, dando início ao confronto físico.

Um dos manifestantes levou a pior durante a briga, sendo atingido por um soco na altura da testa. Ferido e ensanguentado, ele foi socorrido posteriormente pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Sete apoiadores de Brazão conseguiram correr até a portaria de um prédio na rua Evaristo da Veiga, onde se esconderam de um grupo de aproximadamente cem manifestantes. Eles precisaram da ajuda de policiais militares para sair do local, enquanto manifestantes jogavam pedras e paus. Todos foram levados em viaturas, e dez pessoas foram detidas.

Black blocs e profissionais da imprensa também começaram a discutir. Um cinegrafista da Band e um repórter do Terra foram agredidos com um chute nas costas e um pedaço de pau, respectivamente. Os comerciantes chegaram a fechar as portas.

Dentro da Câmara, os manifestantes cantaram e gritaram palavras de ordem contra o presidente da CPI, que pertence à base governista, e contra o empresário Jacob Barata, considerado "Rei do Ônibus". Alguns jovens estão fantasiados de baratas em alusão ao nome do empresário.

Na galeria ao lado esquerdo do plenário, apoiadores de Chiquinho Brazão e manifestantes tiveram uma intensa discussão e troca de acusações. Os manifestantes afirmam que os eleitores de Brazão estavam na Câmara "por dinheiro", e dois homens pró-Brazão partiram para a briga física. A confusão foi contida após intervenção dos seguranças da Casa.

A comissão investiga irregularidades na licitação das linhas de ônibus que operam na cidade, realizada em 2010. Osório e o seu antecessor, Alexandre Sansão, chegaram à Câmara por volta das 7h45. O terceiro depoente de hoje é o gerente de planejamento da CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio), Helio Borges, que presidiu a Comissão de Licitação dos Ônibus em 2010.

Existe cartel?

Vamos buscar a compreensão sobre como funciona esse negócio. Existem outros empresários do setor alijados nas concorrências para prestar serviços de transporte de passageiros na cidade? Em caso afirmativo, o cartel se confirma. Esse é um mercado dominado por poucos, e precisamos entender se isso ocorre.

Vereador Chiquinho Brazão (PMDB), eleito presidente da CPI dos Ônibus no Rio

Do lado de fora da Casa, se formou uma grande fila de manifestantes que aguardavam para se juntar aos que já ocupam as galerias. Todos os que ingressaram na Câmara foram identificados pela equipe de segurança, e houve revista policial na tentativa de impedir que manifestantes entrem com máscaras.

Diferentemente do que ocorreu na sessão de instalação da CPI e na sessão que determinou a agenda da comissão, a audiência acontece no Plenário da Câmara.

Apesar da desocupação da Casa, que estava tomada por manifestantes desde o dia 9, ainda há ativistas acampados do lado de fora da Câmara.

Os manifestantes pediam, entre outras reivindicações, a anulação da reunião de instalação da CPI dos Ônibus e a realização de nova sessão para instalar a comissão "de forma legítima".

Proposta pelo vereador Eliomar Coelho (PSOL), a CPI é presidida pelo vereador Chiquinho Brazão (PMDB) e tem como relator o vereador Professor Uóston (PMDB). Além deles, compõem a comissão os vereadores Jorginho da SOS (PMDB) e Renato Moura (PTC). Os quatro últimos são da base governista e não assinaram o requerimento da CPI. Coelho não compareceu à sessão.

Marchinhas

Cerca de 40 manifestantes permanecem do lado de fora da Câmara. Policiais militares fizeram um cordão de isolamento impedido a entrada pelas laterais da Casa. Alguns manifestantes chegaram cedo e permaneceram nas escadarias da Casa, tocando tambores e cantando marchinhas contra o governador Sérgio Cabral.

Veja imagens da ocupação dia a dia

  • 1º dia - Manifestantes ocupam o plenário da Câmara de Vereadores em protesto contra a escolha do vereador Chiquinho Brazão (PMDB) para ser presidente da CPI dos Ônibus

  • 2º dia - Cerca de 60 manifestantes que participam do protesto Fora Cabral apoiam a ocupação da Câmara

  • 3º dia - Após assembleia, apenas um grupo de nove manifestantes permanece na Câmara

  • 4º dia - O vereador e ex-prefeito Cesar Maia (DEM) é hostilizado por manifestantes, que chegaram a cuspir no carro do parlamentar na saída da Câmara

  • 5º dia - Grupo de taxistas se une aos manifestantes em frente à Câmara e estende um enorme bandeira do Brasil

  • 6º dia - Manifestantes acampam na frente da Câmara

  • 7º dia - O vereador Chiquinho Brazão abre a CPI dos Ônibus e preside a reunião que determinou as indicações das funções e a entrega de documentos

  • 8º dia - Manifestantes completam uma semana acampados na Câmara

  • 9º dia - O grupo monta uma espécie de varal com fotos dos vereadores Chiquinho Brazão (PMDB) e Professor Uóston (PMDB) com dizeres de "procura-se".

  • 10º dia - Manifestantes aproveitam o domingo para praticar ioga

  • 11º dia - "Não existe tarifa zero. Alguém sempre vai pagar", diz presidente da CPI

  • 13º dia - Os sete manifestantes que continuavam ocupando a Câmara deixam o local, acompanhados de advogados e vereadores