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Líderes do grupo Black Bloc são presos no Rio por suspeita de vandalismo

Polícia Civil do Rio apreende um menor de idade em casa, em Pilares, na zona norte. O jovem é investigado por envolvimento com o grupo anarquista "Black Bloc" - Alessandro Costa/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Polícia Civil do Rio apreende um menor de idade em casa, em Pilares, na zona norte. O jovem é investigado por envolvimento com o grupo anarquista "Black Bloc" Imagem: Alessandro Costa/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

04/09/2013 11h16Atualizada em 04/09/2013 14h03

Três administradores da página no Facebook atribuída ao grupo anarquista "Black Bloc RJ" foram presos na madrugada desta quarta-feira (4) pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. A operação da DRCI (Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática) também resultou na apreensão de dois menores investigados por envolvimento com a atividade.

Os adultos foram autuados em flagrante pelo crime de quadrilha armada, que é inafiançável, e por incitação a violência. Já os dois adolescentes foram indiciados pelo atos infracionais análogos aos delitos. Eles continuarão presos à disposição da Justiça.

As pessoas que se autodenominam "black blocs" são conhecidas por atuar na linha de frente das manifestações públicas que se espalharam pela cidade. Para a polícia e o governo do Estado, o grupo anarquista é responsável pelas várias cenas de vandalismo que ocorreram nos protestos.

Um dos líderes do Black Bloc, cuja identidade não foi revelada, foi detido em casa, no bairro Cachambi, na zona norte do Rio.

Durante a operação, os agentes apreenderam máscaras em geral, entre as quais equipamentos de proteção contra gás, computadores, imagens de pedofilia, uma faca e um artefato com pregos afixados nas pontas --conhecido popularmente como "jacaré".

"Ao ser lançado ele vai encontrar alguma coisa ou alguém e pode ferir manifestantes, policiais e jornalistas, por exemplo. Esse instrumento é muito típico dos roubadores de carga", disse a chefe de Polícia Civil do Rio, Martha Rocha, em referência ao jacaré.

"Ao analisar a página deles, vimos que há um comando para que cada integrante faça 10 instrumentos desse. A Polícia Civil sustenta que essas pessoas têm desígnio para incitar ações criminosas", completou ela.

A delegada afirmou ainda que a operação é decorrente de um dos inquéritos policiais instaurados no início de julho para investigação pontual dos black blocs. "Ontem (terça-feira) conseguimos seis mandados de busca dirigidos aos administradores dessa página no Facebook no Rio de Janeiro. Apenas um deles não foi preso, porque está fora do Brasil, na Bolívia", disse.

Segundo Martha, antes de ser preso, um dos jovens fez uma convocação na página do grupo para que os outros black blocs usassem o artefato nas manifestações previstas para o dia 7 de setembro, no próximo sábado, quando se comemora a Independência do Brasil.

Na página do Black Bloc no Facebook, há mensagens de repúdio às prisões. Os administradores da página dizem que a ação policial é "ditatorial".

Na noite de terça-feira (3), duas pessoas foram detidas e conduzidas à delegacia por policiais militares durante um protesto denominado "baile de máscaras", na Cinelândia, no centro.

No ato, os PMs cumpriram pela primeira vez a decisão judicial que obriga a identificação criminal de pessoas que estejam usando máscaras durante manifestações públicas no Rio. Com isso, se necessário, o manifestante pode ser levado à delegacia.

Segundo o delegado titular da DRCI, Ruchester Marreiros, 18 pessoas supostamente envolvidas em atos de vandalismo durante as manifestações que ocorrem desde junho já tiveram os nomes identificados pela Polícia Civil.

A Ceiv (Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas), criada por decreto pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) no fim de julho, informou que há outras 50 pessoas identificadas apenas por fotos e vídeos.

A comissão é composta por integrantes do MPE (Ministério Público Estadual) do Rio, das polícias Militar e Civil e da Secretaria Estadual de Segurança Pública.