Índios tentam entrar no Congresso; dois ficam feridos

No início da tarde desta quarta-feira (2), um grupo de índios tentou entrar no prédio do Congresso Nacional, em Brasília. A tentativa de invasão foi contida pela Polícia Legislativa da Casa. Duas pessoas ficaram feridas: o índio Renato da Silva Filho, que deve cortes no braço; e o vigilante Inácio Rodrigues, com cortes na testa.

Renato cortou a mão ao quebrar um dos vidros da porta do Anexo I da Câmara dos Deputados e foi encaminhado a atendimento médico. Renato foi atendido no ambulatório de saúde indígena e liberado cerca de duas horas depois. 

O presidente em exercício da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR), reuniu-se com uma comissão de cerca de 25 índios para discutir a pauta de reivindicação das comunidades indígenas, que desde ontem estão em Brasília.

Vargas prometeu que vai trabalhar pelo arquivamento da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 215/00, que submete a demarcação de terras à aprovação do Congresso. “Todos aqui somos aliados e vamos tentar impedir que essa proposta chegue ao Plenário”, afirmou Vargas.

Segundo o jornal "Correio Braziliense", índios que estavam em um acampamento na Esplanada dos Ministérios bloquearam o Eixo Monumental -- uma das principais avenidas de Brasília -- por volta das 14h, fechando a via com faixas.

Depois, o grupo também ocupou o gramado do Congresso Nacional. Militares lançaram spray de pimenta contra os manifestantes, ainda segundo o jornal.

O carro do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) carro ficou parado no meio da manifestação e foi rodeado por dezenas de índios, que envolveram o automóvel com papel higiênico e utilizaram suas lanças para furar os pneus.

Esta não é a primeira tentativa de invasão do Congresso pelos índios este ano. Em abril, cerca de cem índios ocuparam o plenário da Câmara dos Deputados para protestar contra a PEC 215. A sessão ordinária foi interrompida por quase uma hora por causa do protesto.

Reivindicações

Na semana em que a Constituição de 1988 completa 25 anos, índios de várias regiões do Brasil promovem manifestações em todo o país.

Em Brasília, houve uma passeata nesta terça-feira (1º), promovida pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

O principal alvo do grupo é a PEC 215/00. Defendida por parlamentares ruralistas, a PEC alteraria o processo de demarcação de terras indígenas.

Hoje, a demarcação é uma atribuição do Poder Executivo, conduzida pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e chancelada pelo Ministério da Justiça e pela Presidência da República.

Se a PEC for aprovada, as demarcações ficarão a cargo do Congresso. A medida tramita desde 2000, mas, nas últimas semanas, a bancada ruralista tem pressionado para que o Congresso instale uma comissão para analisar a PEC, último passo antes de sua votação. (Com Agência Câmara e BBC)