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MP do Rio investiga se PMs do Bope ajudaram a esconder corpo de Amarildo

Cerca de 30 policiais da Divisão de Homicídios, com auxílio de 40 bombeiros, realizaram buscas pelos restos mortais do pedreiro no dia 11 de outubro - Gustavo Maia/UOL
Cerca de 30 policiais da Divisão de Homicídios, com auxílio de 40 bombeiros, realizaram buscas pelos restos mortais do pedreiro no dia 11 de outubro Imagem: Gustavo Maia/UOL

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

25/10/2013 18h51

O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) informou nesta sexta-feira (25) que está investigando a possível participação de policiais militares do Bope (Batalhão de Operações Especiais), a tropa de elite da PM, na ocultação do cadáver do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, 43.

Segundo o inquérito da Polícia Civil e a denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do MP-RJ, o morador da favela da Rocinha, na zona sul da capital fluminense, foi torturado e morto por PMs da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da comunidade, no último dia 14 de julho. O corpo de Amarildo ainda não foi encontrado.

De acordo com o Ministério Público, o Gaeco, que denunciou outros 15 policiais da UPP à Justiça na última terça-feira (22) --ao todo, foram denunciados 25 PMs--, está examinando todas as circunstâncias que envolvem a tortura e a morte do ajudante de pedreiro. Segundo a assessoria do MP-RJ, os policiais do Bope estão sendo investigados porque nos autos do inquérito constam imagens de carros do batalhão circulando na favela da Rocinha no dia do crime.

O órgão informou ainda que quatro veículos do Bope já foram periciados, mas não soube dizer a data em ocorreram os procedimentos. O resultado da perícia deve sair dentro de duas semanas.

Os 25 policiais da UPP da Rocinha foram denunciados por tortura seguida de morte, 17 por ocultação de cadáver, 13 por formação de quadrilha e quatro por fraude processual. Entre os denunciados, 13 estão presos --entre eles o major Edson Santos, ex-comandante da UPP, e o tenente Luiz Felipe de Medeiros, ex-subcomandante da unidade--, e 12 vão responder em liberdade.

Para a Polícia Civil, Amarildo foi torturado e morto depois de ter sido levado por policiais para a sede da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na comunidade, um dia depois de a PM realizar a operação Paz Armada, que investiga o tráfico de drogas na Rocinha.

De acordo com o delegado Rivaldo Barbosa, que coordenou a investigação, as pessoas que se disseram vítimas de tortura de policiais da UPP da Rocinha foram ouvidas de março a julho deste ano para revelar detalhes do esquema do tráfico de drogas no local.

Todas as 22 testemunhas que narraram mecanismos de tortura apontam homens comandados pelo major Edson Santos (ex-comandante da UPP) como agressores. Pela linha de investigação da polícia, Amarildo seria a 23ª vítima do grupo - e a única que foi morta.