Ele estava no seu melhor momento, diz mulher de acusado de mandar matar juíza no Rio
A mulher do tenente-coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro Cláudio Oliveira, denunciado à Justiça como mandante do assassinato da juíza Patrícia Acioli, em agosto de 2011, compareceu nesta sexta-feira (6) ao julgamento do tenente Daniel Benitez Lopez, que seria, segundo o Ministério Público, o mentor e um dos executores do crime.
CASO PATRÍCIA ACIOLI EM NÚMEROS
11
PMs
Foram denunciados pelo crime, dos quais dez por homicídio triplamente qualificado e formação de quadrilha.
1
PM
Foi denunciado apenas por homicídio, já que, segundo o MP, ele atuou como informante do grupo, o que não configuraria formação de quadrilha.
5
PMs
Foram já foram condenados
7
PMs
Ainda esperam resultados de recursos.
21
tiros
Foram disparados contra a juíza Patrícia Acioli na noite do dia 11 de agosto de 2011.
Segundo Valéria Alves Melo de Oliveira, que diz ter estado em todos os julgamentos anteriores, o marido estava "no melhor momento da carreira", e não teria motivo para ordenar a morte da magistrada.
"Que motivo ele teria? Ele não tinha motivo. Ele estava vivendo o melhor momento da carreira e não tinha motivo para fazer uma coisa dessas”, afirmou ela. “O processo diz que não existe nenhuma prova contra ele."
Valéria informou que Oliveira tinha o sonho de chegar ao cargo de comandante-geral da PM e declarou considerar que a prisão do oficial ocorreu de forma "arbitrária e inconstitucional". Para o Ministério Público, entretanto, não há dúvida de que o tenente-coronel deu a ordem para que Patrícia fosse assassinada.
"O que eu falo desde sempre e continuo falando: a Justiça tem que ser feita. Foi um crime bárbaro. Existem pessoas culpadas e pessoas inocentes”, disse Valéria, que não entrou em detalhes sobre quem, em sua visão, seria o responsável pelo crime. “Não cabe a mim julgar, e sim à Justiça. Só espero que ela seja feita."
Julgamento
Começou, às 10h45 o júri popular que julgará o policial militar Daniel Santos Benitez Lopez. A sessão teve início com quase três horas de atraso (já que estava marcada para as 8h), e sem a presença do réu. Cerca de meia hora depois, ele entrou na sala.
Benitez afirmou que estava sofrendo de problemas cardíacos e foi necessário acionar o Corpo de Bombeiros para realizar os primeiros socorros. Após alguns exames, segundo a Promotoria, nenhuma enfermidade foi constatada, e a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce determinou o início da sessão. Ele se recusou a participar, dizendo que ainda não se sentia bem.
De acordo com a investigação da DH (Divisão de Homicídios), o mandante do crime foi o tenente-coronel Cláudio Oliveira. Dois PMs teriam sido responsáveis pelos 21 disparos que mataram Patrícia Acioli: o cabo Sérgio Costa Júnior e o tenente Benitez.
Até o momento, dos 11 policiais militares réus no processo, cinco foram condenados pelo assassinato da juíza. Em abril deste ano, o policial militar Carlos Adílio Maciel dos Santos foi considerado culpado em julgamento realizado na 3ª Câmara Criminal de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Ele foi condenado a 19 anos e seis meses de reclusão: 15 por homicídio triplamente qualificado e quatro anos e seis meses por formação de quadrilha, em regime inicialmente fechado.
Em 30 de janeiro, mais três policiais militares foram condenados pela morte da magistrada, que levou 21 tiros na porta de sua casa no bairro de Piratininga, em Niterói. Jefferson de Araujo Miranda recebeu pena de 26 anos; Jovanis Falcão, de 25 anos e seis meses; e Junior Cezar de Medeiros, de 22 anos e seis meses. Todos em regime de reclusão, inicialmente em regime fechado.
No dia 4 de dezembro de 2012, o também acusado Sérgio Costa Júnior, cabo da Polícia Militar, foi condenado a 21 anos de prisão pelos mesmos crimes, sendo 18 por homicídio triplamente qualificado e três anos por formação de quadrilha armada.
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Oito policiais militares teriam realizado funções operacionais no planejamento do assassinato e respondem por formação de quadrilha armada e homicídio. Apenas Handerson Lents Henriques da Silva, que seria o suposto informante do grupo, não foi denunciado por formação de quadrilha.
Entenda o caso
O assassinato de Patrícia Acioli se deu por volta de 23h55 do dia 11 de agosto de 2011, quando ela se preparava para estacionar o carro na garagem de casa, situada na rua dos Corais, em Piratininga, na região oceânica de Niterói. Benitez e Costa Júnior utilizaram uma motocicleta para seguir o veículo da vítima.
Algumas horas antes de morrer, a magistrada havia expedido três mandados de prisão contra os dois PMs, réus em um processo sobre a morte de um morador do Morro do Salgueiro, em São Gonçalo.
A juíza era conhecida no município por adotar uma postura combativa contra maus policiais. Segundo a denúncia do MP (Ministério Público), o grupo seria responsável por um esquema de corrupção no qual ele e os agentes do GAT recebiam dinheiro de traficantes de drogas das favelas de São Gonçalo.
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