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Réu do julgamento do Carandiru diz que PMs foram recebidos à bala

Gabriela Fujita, Gil Alessi e Wellington Ramalhoso

Do UOL, em São Paulo

18/02/2014 15h52Atualizada em 18/02/2014 15h54

O coronel reformado Arivaldo Sérgio Salgado, primeiro réu a depor nesta terça-feira (18) no júri do Massacre do Carandiru, disse que a tropa do Comando de Operações Especiais da Polícia Militar -- encarregada de invadir o 3º andar do pavilhão 9 da Casa de Detenção -- foi recebida à bala pelos detentos. Os 15 policiais da unidade são acusados pela morte de oito presos e de tentativa de homicífio de outros dois no local.

O depoimento foi tomado no segundo dia da terceira etapa do julgamento do massacre, que começou na segunda-feira no Fórum Criminal da Barra Funda (zona oeste de São Paulo).

Comandante da unidade, Salgado diz ter recebido do coronel Ubiratan Guimarães a ordem de tomar o 3º andar do presídio. “Já na escadaria do 2º para o 3º andar nós fomos alvejados. Era possível ver os clarões”, afirmou.

“Em seguida, fomos alvo de disparos novamente ao entrar no corredor da direita do pavilhão e revidamos”, disse o coronel, que se lembra de ter feito cinco disparos com seu revólver 38 durante a incursão.

O coronel afirmou que a tropa entrou no pavilhão com formação em "linha de um", com três escudeiros à frente. “Dessa forma, ficava mais difícil sermos alvejados”, disse. 

De acordo com ele, os detentos foram instruídos a se render e deitar no chão, mas muitos não obedeceram. “Dois policiais da minha tropa foram baleados nos coletes à prova de bala, e um sofreu ferimento no ombro”, disse.

Salgado disse que avistou corpos de presos mortos e barricadas em todos os andares do pavilhão.

Armamento não letal

Indagado pelo juiz sobre o uso de armamento não-letal durante a invasão do pavilhão, Salgado disse que o COE dispunha apenas de granadas de fumaça e gás lacrimogêneo e que elas não foram utilizadas.