PF faz operação contra advogados suspeitos de lesar 30 mil clientes
A PF (Polícia Federal) no Rio Grande do Sul deflagrou nesta sexta-feira (21) operação contra um grupo de advogados e contadores suspeitos de aplicar golpes em mais de 30 mil clientes, segundo informações da PF. Com os golpes, o grupo teria acumulado mais de R$ 100 milhões.
Mala de dinheiro apreendida na operação
Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em escritórios de advocacia e contabilidade e em uma casa nos municípios de Passo Fundo e Bento Gonçalves. A PF e a Interpol estão à procura do advogado Maurício Dal Agnol, apontado como o chefe do grupo.
A reportagem do UOL telefonou para o escritório do advogado em Pelotas. Uma mulher que atendeu disse não ter informações sobre Dal Agnol. Ela também não informou o contato de algum defensor do advogado.
As investigações tiveram início há dois anos, após representação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e do MPF (Ministério Público Federal). Segundo a PF, “uma renomada banca de advogados”, com sede principal em Passo Fundo, captava clientes e ajuíza ações contra uma empresa de telefonia.
O advogado Maurício Dal Agnol já está na lista de procurados pela Interpol
De acordo com a PF, as ações eram julgadas procedentes pela Justiça, mas o dinheiro das indenizações não era repassado aos clientes ou era pago em quantia menor da estipulada na ação.
Advogado ganhou prêmio de ministério
A PF informou que Dal Agnol, que há 15 anos possuía patrimônio modesto, hoje é proprietário de centenas de imóveis, avião a jato, automóveis de luxo e milhões de reais em contas bancárias.
Em 2011, Dal Agnol recebeu um prêmio do Ministério do Esporte, intitulado “Melhor Amigo do Esporte”, por ter feito doações a atividades esportivas. A homenagem premia as pessoas que mais realizaram transferências de recursos para esportes via Lei de Incentivo ao Esporte, seja via doações ou patrocínios.
O advogado ficou em segundo lugar na categoria pessoa física. Isso significa que, naquele ano, ele foi a segunda pessoa física que mais transferiu dinheiro ao esporte. A Lei de Incentivo ao Esporte prevê que doadores abatam até 6% do Imposto de Renda.
A operação foi batizada de “Carmelina”, nome de uma senhora lesada pelo grupo, que morreu em decorrência de um câncer. Segundo a PF, ela teria direito a uma quantia de R$ 100 mil, mas o montante não foi repassado pelos advogados.
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