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Com greve em Florianópolis, vans vão às ruas, mas usuário reclama de preço

Terminal do Norte de Florianópolis ficou totalmente vazio com greve de rodoviários nesta quarta-feira - Renan Antunes de Oliveira/UOL
Terminal do Norte de Florianópolis ficou totalmente vazio com greve de rodoviários nesta quarta-feira Imagem: Renan Antunes de Oliveira/UOL

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

28/05/2014 10h56

Uma greve de motoristas e cobradores paralisou o transporte coletivo em Florianópolis, na manhã desta quarta-feira (28), afetando cerca de 400 mil pessoas.

A prefeitura montou um esquema de transporte de emergência com 200 vans em duas grandes linhas nos sentido norte-centro e centro-sul. Os preços das passagens do plano emergencial variam entre R$ 5 e R$ 7 --a passagem de ônibus normal custa R$ 2,75 (com cartão eletrônico) e R$ 2,90 a dinheiro.

Usuários, porém, reclamam de abusos em algumas vans, com tarifas de R$10. Milhares de pessoas começaram o dia caminhando ou pedindo carona, sob temperatura de 17ºC e vento frio.

No Tican (Terminal de Canasvieiras, no norte da ilha), centenas de pessoas passaram o horário de pico da manhã usando as vans. A maior reclamação era contra o preço de R$ 7 da passagem: "Eu vou ter que pagar o dobro para ir trabalhar e não tenho garantia de voltar para casa", queixou-se a comerciária Isis Silveira.

Frio e espera - Renan Antunes de Oliveira/UOL - Renan Antunes de Oliveira/UOL
A garçonete baiana Arielle Ferreira, 24, enfrenta o frio enquanto espera por um esquema alternativo do restaurante onde trabalha
Imagem: Renan Antunes de Oliveira/UOL

A garçonete baiana Arielle Ferreira, 24, esperou do lado fora do terminal por um esquema alternativo do restaurante onde trabalha. O operário Benedito Reis, no mesmo local, também ficou das 4h30 até 9h30 esperando para ser recolhido por sua empresa, sem sucesso.

Como reflexo da greve, muitas escolas ficaram sem professores e suspenderam parcialmente o atendimento. Indústria e comércio acionaram esquemas alternativos para buscar empregados nos terminais vazios.

As empresas da Grande Florianópolis (nas cidades de São José e Biguaçu, no Continente) não aderiram ao movimento e 50 ônibus trouxeram passageiros para desembarque no Ticen (Terminal Central da Ilha). A Polícia Militar escolta os ônibus desde a entrada deles em Florianópolis.

No sul da ilha, dois ônibus circularam com proteção policial --as autoridades temem a repetição de ataques com pedradas aos que furam greve, como aquele contra 24 ônibus, ocorrido há 15 dias.

Reinvindicações

O movimento é coordenado pelo Sintraturb (sindicato dos trabalhadores), dentro de uma negociação salarial com o Setuf (sindicato das empresas), iniciada em abril e ainda não concluída. Os trabalhadores querem reajuste de 10,18%, mas o Setuf oferece 8%.

A paralisação foi decidida em assembleia que terminou na madrugada de hoje. Segundo Ricardo Freitas, diretor do Sintraturb, a paralisação será de apenas 24 horas.

Seu objetivo é obter garantia de emprego para 350 cobradores, ameaçados de perder o cargo quando da futura implantação de um sistema de catracas, previsto para dezembro.

A prefeitura já publicou um decreto dando garantia de emprego. Freitas não aceitou: "É uma coisa muito vaga. O prefeito assinou dando garantia, mas as empresas não estão obrigadas a respeitar um decreto municipal".

Segundo Valdir Gomes, do Setuf, as paralisações como a de semanas atrás e a desta quarta-feira "são uma estratégia do Sintraturb para forçar um aumento irreal nos salários, é uma violência contra a população".

Servidores parados no interior

Em duas das maiores cidades do Estado, Joinville e Blumenau, são os servidores municipais que estão em greve. Seus movimentos que já duram 9 e 8 dias, respectivamente. De terça para quarta cresceu para 50 mil o número de crianças sem escolas nas duas cidades.

Em ambos casos o impasse é o mesmo: as prefeituras oferecem reajuste salarial de 5,8% enquanto os sindicatos de servidores pedem 8%.

Em Blumenau (150 km de Florianópolis), onde a adesão é de 50%, a situação está mais radicalizada. Os servidores estão realizando protestos diários para forçar a prefeitura a reabrir negociações. Segundo a assessoria do prefeito Napoleão Bernardes (PSDB), haverá nova rodada de conversas na tarde desta quarta.

Em Joinville (180 km de Florianopolis), a Justiça determinou a volta ao trabalho do pessoal de saúde, depois que cerca de 120 cirurgias eletivas foram canceladas no Hospital Municipal São José. Os trabalhadores ignoraram a decisão.

Nesta quarta, ainda, os funcionários da prefeitura de Balneário Camboriú também entraram em greve. Eles pedem 8% de reajuste e a prefeitura oferece 5,8%.