Governo age como "bombeiro louco", diz sindicato sobre demissão de grevista
O presidente do sindicato dos metroviários de São Paulo, Altino Prazeres, disse nesta segunda-feira (9) à reportagem do UOL que ainda não foi informado oficialmente das 60 demissões confirmadas pelo secretário de Transportes do Estado, Jurandir Fernandes, em entrevista à rádio Jovem Pan. Segundo Prazeres, o governo do Estado “está atuando como ‘bombeiro louco’, botando gasolina no fogo” com as demissões.
Na manhã de hoje, o secretário Fernandes afirmou que os grevistas serão demitidos por justa causa.
“Iniciamos agora, às 8h, estamos emitindo mais ou menos 60 e poucas, seis dezenas de demissões por justa causa”, disse o secretário.
De acordo com ele, estão recebendo o comunicado de demissão aqueles contra quem “existem provas materiais” de vandalismo e de uso impróprio de equipamentos do metrô, aqueles que barraram fisicamente a entrada de passageiros ou o trabalho de funcionários e os que incitaram a população a pular as catracas.
O presidente do sindicato questiona por que essas 60 pessoas serão demitidas, já que uma boa parte da categoria participa da greve.
“Se o governo do Estado demitir gente, vai aumentar o conflito”, afirmou Prazeres.
Cerca de 250 grevistas marcharam da rua Vergueiro, na zona sul de São Paulo, até a praça da Sé, no centro da cidade, onde se juntaram a integrantes do MTST e da UGT (União Geral dos Trabalhadores), movimentos sociais que apoiam a greve.
Os grupos --totalizando 2.000 pessoas, de acordo com a PM-- decidiram seguir juntos até a Secretaria de Transportes Metropolitanos, que também fica no centro. Um caminhão de som do sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos deu apoio à passeata.
Uma comissão representando os grevistas tentou uma reunião com o secretário Jurandir Fernandes, mas o presidente do sindicato foi informado que Fernandes não estava no local.
Depois disso, os grupos encerraram a manifestação e os metroviários retornaram para o sindicato da categoria, onde esperam nova rodada de negociações. Não houve registros de tumultos.
Grevistas são levados à delegacia
Após tumulto com o fechamento da rua Vergueiro por grevistas, na zona sul da capital, 13 metroviários foram levados pela PM ao 36º DP (Vila Mariana) para "averiguação", segundo o major da PM Robson Cabana.
"A delegacia de polícia é o melhor lugar para averiguar o que aconteceu", disse o major, afirmando que houve depredação de patrimônio público dentro da estação Ana Rosa e denúncia de agressão a um funcionário do Metrô que trabalhava na estação Paraíso.
Os grevistas chegaram à estação Ana Rosa às 4h, segundo o secretário-geral do sindicato dos metroviários, Alex Fernandes, e 15 eram mantidos dentro da estação pela PM desde então.
Metrô opera parcialmente, e rodízio é suspenso mais uma vez
Com a greve, o rodízio de veículos foi suspenso e algumas linhas do metrô não operam integralmente, em todas as estações:
- linha 1-azul: de Saúde à Luz
- linha 2-verde: de Ana Rosa à Vila Madalena
- linha 3-vermelha: de Penha a Marechal Deodoro
- linhas 4-amarela e 5-lilás: em operação normal
- CPTM: em operação normal
Greve é considerada abusiva, mas entra no quinto dia
O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) considerou, neste domingo, que a greve dos metroviários é abusiva e que os grevistas desrespeitaram decisão anterior da Justiça que determinava que ao menos 70% dos profissionais trabalhassem durante a greve. Caso continuassem com o movimento, seria empregada uma multa de R$ 500 mil por dia de paralisação.
O TRT também determinou desconto nos salários dos profissionais pelos dias não trabalhados e que não há garantia de estabilidade de emprego para os grevistas. Os desembargadores definiram ainda que o reajuste salarial da categoria deve ser fixado em 8,7%, mesmo percentual oferecido pelo Metrô. Atualmente, o piso salarial dos metroviários é de R$ 1.323,55.
Apesar da decisão, a categoria decidiu em assembleia realizada ontem manter a greve.
"Estamos no nosso direito de fazer greve. A nossa arma é a greve. Oferecemos alternativas, como a catraca livre e o desconto no nosso dia de trabalho, mas nem o governo nem a Justiça aceitaram. Eles nos culpam, mas é o governo que não quer negociar", disse Raquel Amorim, agente de segurança e diretora do Sindicato dos Metroviários.
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