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Com atraso na obra, prefeitura de BH promete "exames adicionais" em viaduto

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

04/07/2014 19h02Atualizada em 05/07/2014 07h52

As obras do viaduto Batalha do Guararapes, que desabou nesta quinta-feira (3) matando duas pessoas em Belo Horizonte, estavam prometidas para o segundo semestre de 2013. Em abril do ano passado, o prefeito Márcio Lacerda (PSB) prometeu que "trabalhariam dia e noite" para acabar a construção, que depois foi prevista para junho e, então, julho de 2014.

A Prefeitura agora nega qualquer atraso ou aceleração nas obras e garante que todas as fiscalizações de segurança foram feitas, mas que "exames adicionais" serão realizados para apurar a queda.

mapa desabamento viaduto guararapes belo horizonte - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

 “O viaduto (Batalha dos Guararapes) não tinha meta para ser entregue antes da Copa. Prevíamos liberar o tráfego no início de agosto”, afirmou o secretário de Obras e Infraestrutura de Belo Horizonte José Lauro Nogueira, durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira (4), em Belo Horizonte.

Nogueira acrescentou ainda que "as etapas que levam à aprovação de um empreendimento desta natureza são muito detalhadas. Nenhum exame de teste, nenhum ensaio técnico, nenhuma medida preventiva deixou de ser feita em todas as obras. Evidentemente, procurando garantir a satisfação que a opinião pública merece, a prefeitura conduzirá exames adicionais".

Além disso, o secretário afirmou: “entendemos que houve sim um erro e estamos procurando identificar as causas do problema”. Mas nega que o problema seja no tempo em que as escoras ficaram sob o viaduto. "Tomamos o cuidado de manter o escoramento pelo tempo necessário. O número de escoras é imenso e a retirada não levou um único dia. É uma etapa técnica que leva semanas. Inclusive porque o volume de material é tão grande que, mesmo que fosse possível retirá-lo de uma única vez, não teríamos meios de transportá-lo. E, se tivéssemos, haveria um enorme congestionamento”.

No desabamento de um dos viadutos que fazem parte do chamado BRT (Bus Rapid Transit), na região da Pampulha, duas pessoas morreram, Charles Frederico Moreira, 25, em um Uno, e Hanna Cristina dos Santos, 26, motorista de ônibus. Outras 23 pessoas ficaram feridas.

Parentes das vítimas do desabamento querem acionar a prefeitura pelas mortes por correr com a obra para entregá-la durante a Copa do Mundo, que começou em 12 de junho.

Nogueira confirmou que todo o viaduto será demolido. Ainda de acordo com o secretário, tão logo os órgãos técnicos e a Polícia Civil concluam as perícias e liberem a área, a prefeitura e as empresas responsáveis começarão a liberar a via.  Os escombros também interditaram uma das principais opções de acesso entre a zona norte da cidade e o Estádio Mineirão, que sedia, na próxima terça-feira (8), uma das partidas das semifinais.

Andamento das obras

O andamento das obras demorou mais do que o previsto por conta das negociações entre a Prefeitura e os moradores vizinhos da avenida Pedro 1º, que fica sob o viaduto. Ano passado, os desentendimentos entre os proprietários de imóveis na região e a Prefeitura fizeram com que as disputas fossem levadas à Justiça.

Quando as primeiras máquinas começaram a demolir construções no entorno da avenida, associações de moradores e comerciantes acionaram a Justiça pedindo a paralisação da obra. Com isso, a Sudecap (Superintendência de Desenvolvimento da Capital), órgão responsável pelo pagamento das indenizações, teve de revisar os valores pagos aos moradores, atrasando o cronograma das intervenções.

À época, as desapropriações foram apontadas pelo prefeito como principal entrave no cumprimento do cronograma da obra. Em abril de 2013, Lacerda admitiu que os prazos foram revistos diversas vezes por causa das negociações em torno dos valores sobre os ressarcimentos dos imóveis desapropriados.

Ele disse ainda a obra continuaria em ritmo acelerado. “Vamos ter alguma correria no final da Pedro 1º, onde as obras se atrasaram devido a problemas jurídicos de desapropriação. Temos um ponto crítico na última estação da Pedro 1º, mas vamos trabalhar dia e noite para que tudo funcione a contento”, disse Lacerda. No mês seguinte, a prefeitura apresentou um plano para operar o sistema BRT na avenida sem a entrega de todas as etapas da obra.

A alternativa foi elaborar uma operação dimensionada para o número de estações que ficassem prontas. As ações nas pistas que recebem os ônibus e as estações de transferência para os usuários ficaram prontas, mas os viadutos que não foram entregues continuaram com as obras em andamento.

Três viadutos serão vistoriados

Os três viadutos que compõem o complexo Antônio Carlos/Pedro 1º, sobre corredores do BRT, vizinhos ao elevado que desabou ontem, serão vistoriados pela Prefeitura, após a avaliação do Ibape (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia) de Minas Gerais, de que eles deveriam passar por imediata e minuciosa avaliação.

Em fevereiro deste ano, a Prefeitura interditou a obra de outro viaduto do complexo após identificar rachaduras e problemas estruturais no viaduto na saída da avenida Olímpio Mourão Filho, cerca de 800 metros do viaduto que desabou. A empresa negou qualquer relação entre os casos.

A Prefeitura, por sua vez, determinou a criação de uma comissão para investigar as causas do desabamento do viaduto.