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Polícia do Rio pede à Justiça prorrogação de prisão de ativistas presos

Manifestantes protestam contra a prisão de ativistas envolvidos com manifestações na véspera da final da Copa do Mundo - Tomaz Silva/Agência Brasil
Manifestantes protestam contra a prisão de ativistas envolvidos com manifestações na véspera da final da Copa do Mundo Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil

Maria Luísa de Melo

Do UOL, no Rio

16/07/2014 12h06Atualizada em 16/07/2014 19h03

A Polícia Civil do Rio de Janeiro, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, pediu nesta quarta-feira (16) a prorrogação da prisão temporária dos ativistas detidos no último sábado (12), véspera da final da Copa do Mundo no estádio do Maracanã, sob a acusação de formação de quadrilha por participar de manifestações de rua. Segundo a polícia, eles são suspeitos de praticar atos violentos em protestos desde junho do ano passado.

Caso a Justiça defira o pedido, eles ficarão mais cinco dias presos. Os nomes citados no pedido são Eliza Quadros Pinto Sanzi, conhecida como Sininho, Tiago Teixeira Neves da Rocha, Eduarda Oliveira Castro de Souza, Camila Aparecida Rodrigues Jourdan e Igor Pereira D' Icarahy.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, a medida não vale para os presos que tiveram habeas corpus concedido pela Justiça do Rio na terça-feira (15). Na ocasião, o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio) mandou soltar 12 dos 17 presos, depois de decisão emitida pelo desembargador Siro Darlan.

As 12 pessoas que receberam habeas estão sendo liberadas. Segundo o desembargador Siro Darlan, não havia fundamentos para a decretação da prisão. Outras nove pessoas são consideradas foragidas.

No sábado, a Polícia Civil do Rio deteve os ativistas sob a acusação de formação de grupo armado e por sua suposta participação em atos violentos em manifestações populares em março. O juiz que ordenou as prisões, Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 27ª Vara Criminal da Capital, considerou "imprescindível" manter as detenções até o fim da Copa, porque havia indícios que os ativistas pudesses fazer uso de "extrema violência" em um protesto nesse dia.

No protesto de domingo, no entanto, os protagonistas das cenas de violência foram os policias militares destacados para acompanhar um protesto contra a Copa do Mundo que aconteceu na praça Saens Peña. Além de agressões a manifestantes e jornalistas, os PMs foram acusados de impedir que qualquer pedestre deixasse a praça, completamnete cercada por agentes.

Na internet, vídeos mostraram as agressões. Numa das imagens gravadas por cinegrafistas amadores, o documentarista canadense Jason O'Hara foi espancado por PMs com um chute no rosto e golpes de cassetete. Ele ficou ferido e teve a câmera de seu capacete arrancada por policiais. Segundo a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), o número de profissionais agredidos no protesto chegou a 14.

Depois da ampla divulgação das cenas de violência contra manifestantes e jornalistas, o comando da Polícia Militar do Rio informou que determinou a abertura de inquérito para “apurar os atos de violência de policiais contra cidadãos durante a manifestação”.

Três dias depois do protesto, já na noite de terça (15), a PM determinou a prisão administrativa de quatro policiais flagrados cometendo agressões. Em nota, a corporação informou que os agentes "já receberam determinação para se apresentarem ao Batalhão de Policiamento de Grandes Eventos onde permanecerão presos por ordem do comandante da unidade".

Os soldados Carlos Henrique Ferreira e Cristiano Ximenes são acusados de agressão e furto ao cinegrafista canadense Jason Ohara. O também soldado Jair Portilho Júnior é acusado de agressão a um repórter fotográfico, enquanto o soldado Rogério Costa de Oliveira é acusado de agressão a manifestante. Eles se entregaram nesta manhã. (Com Estadão Conteúdo)