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Depois de 16 horas de trégua, ataques recomeçam em SC

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

02/10/2014 23h54

A Polícia Militar de Santa Catarina confirmou o incêndio de dois ônibus na noite desta quinta-feira (2), marcando a retomada dos ataques a policiais e ao transporte coletivo pela facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense)  depois de 16 horas. O último ataque ocorrera às 4h10, em Florianópolis, quando dois carros particulares de soldados da PM foram incendiados.

Mais cedo nesta quinta, o governo do Estado pediu que líderes de facções criminosas que cumprem pena em unidades prisionais de Santa Catarina sejam transferidos para penitenciárias federais.

O primeiro incidente da noite ocorreu em Chapecó (588 km de Florianópolis), às 20h45. O segundo, em Joaçaba (431 km da capital). Este ônibus estava lotado com universitários, que afugentaram os criminosos. Não houve feridos.

Na tarde desta quinta o delegado Procópio Batista, do Deic (Departamento de Investigações Criminais), disse que as ordens para os ataques da onda atual saíram do presídio de segurança máxima do Rio Grande do Norte, onde estão os líderes da facção. Entretanto, a versão do delegado não é aceita pela Secretaria de Segurança e nem pelo Ministério da Justiça, responsável pelo presídio.

A Grande Florianópolis teve suspenso o transporte coletivo às 19h pelo quarto dia consecutivo, por medida de segurança. Os poucos ônibus que circularam depois deste horário precisaram de escolta policial. Em Joinville, Criciúma e Blumenau o sistema continua funcionando, mas também com escolta. Chapecó suspendou o serviço depois do ataque desta noite.

O incidente mais grave das últimas 24 h foi o ataque a tiros da sede do governo, na rodovia SC 401, por volta das 2h. Não houve feridos. Conforme relatório distribuído pela PM às 19h, três homens foram detidos pelo ataque. O nome deles não foi revelado.

Terceira onda de violência

Santa Catarina vive a terceira onda deste tipo, a mais violenta até agora. Com os ataques da noite, sobe para 24 o número de coletivos queimados desde o início dos ataques, na última sexta-feira (26).

Já são 56 os incidentes, em 24 cidades. A polícia prendeu 31 adultos e deteve nove menores.

Segundo a Secretaria de Segurança, o PGC promove os ataques para forçar o governo a negociar regalias com os líderes presos.

A facção parecia ter perdido sua força nos presídios catarinenses desde que 40 de suas lideranças foram retiradas do Estado pela Força Nacional de Segurança, em fevereiro de 2013, ação que botou fim à segunda onda de violência.

Histórico

O PGC orquestrou as duas ondas incendiárias vividas pelo Estado em novembro de 2012 (58 ataques, 27 ônibus incendiados em 16 cidades) e janeiro e fevereiro de 2013 (111 ataques em 36 cidades, com 45 ônibus queimados).

A motivação daqueles ataques foi obter regalias para as lideranças nas cadeias. Elas ordenaram as ações, conduzidas por seus comparsas nas ruas.

A violência acabou depois que a Força Nacional de Segurança ocupou os presídios, isolou os líderes e transferiu 40 deles para cadeias fora de SC. Cerca de 120 pessoas foram presas e acusadas pelos crimes.

Em maio, 83 pessoas foram condenadas pelos ataques a penas que, somadas, chegam a mil anos.

Lista de cidades

Florianópolis, Camboriú, Campos Novos, Itapema, São Francisco do Sul, Blumenau, Itajaí, Chapecó, Criciúma,Guaramirim, Navegantes, Tijucas, São José, Palhoça, Rincão, Joinville, Balneário Camboriú, Governador Celso Ramos, Gaspar, Ituporanga, Lages, Biguaçu, Joaçaba e Piçarras.

Criminosos comandam ataques de dentro da prisão