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Último triênio foi o mais seco desde início de medições no CE, diz fundação

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

27/02/2015 11h55

O triênio 2012-2014 foi o mais seco da história recente do Ceará, segundo medições apresentadas pela Funceme (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos). Nos últimos três anos somados, o Estado registrou precipitação de 1.505 milímetros de chuva (cada milímetro corresponde a um litro de água em um m²), quando a média histórica para um ano é de 809 milímetros.

Desde 2012, deixou de chover quase mil milímetros, o que levou o Estado a enfrentar a pior crise de estiagem nos 40 anos de medições do órgão, que é ligado ao governo do Estado -- a Funceme começou a medição em 1975. Até então, nos últimos 40 anos, o triênio mais seco registro havia sido 1981-1983, com 1.563 milímetros na soma.

A seca começou em 2012, quando o Estado registrou o terceiro ano mais seco em 40 anos, com registro de 388,9 milímetros de chuva -- menos de metade da média histórica. 

“Em termos de danos hídricos, um triênio seco como esse causa grande prejuízo. A capacidade dos reservatórios está crítica, semelhante com o que ocorre em cantareira. Isso dos médios a grandes, porque os pequenos estão todos secos”, diz o meteorologista da Funceme Raul Frtiz.

Com a grande falta de água naquele ano, o Estado passou a sofrer com a redução do índice dos reservatórios.

“Relatos, visitas técnicas e informais apontam que esses anos foram muito difíceis. Se antes a preocupação era abastecimento de animais e produção, hoje é com abastecimento humano. Muitas cidades estão dividindo com outras o pouco de água que têm”, afirma.

Segundo o governo do Estado, dos 147 reservatórios relevantes -- que respondem por mais de 90% da água ofertada à população --, apenas quatro têm mais de 50% da capacidade acumulada. Desses, 91 estão secos ou apresentam índice até 10% do volume.

Um dos problemas enfrentados pelo Estado é o calor quase equatorial. “A evaporação aqui no Ceará é muito grande e chega a 2.500 milímetros por ano. Para se ter ideia, nossa maior média de precipitação é de 1.200 milímetros por ano, na região da Grande Fortaleza. É como se o dobro da água que cai evaporasse”, explica Fritz.

Um alento para os agricultores e gestores é que fevereiro está sendo marcado por boas chuvas. “A expectativa é que chuvas deste ano fiquem acima da média, e assim os reservatórios consiga recuperar um bom nível. Mas não se tem garantia, pois o segundo semestre normalmente é seco”, avalia.

Governo lança plano de convivência

Por conta da situação, na quarta-feira (25) o governo do Ceará apresentou um plano estadual de convivência com a seca. São esperados R$ 5,4 bilhões em investimentos estruturantes e mais cerca de R$ 1 bilhão com ações emergenciais.

Nessa quinta-feira, o governador Camilo Santana (PT) apresentou os pedidos aos ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Gilberto Occhi (Integração Nacional).

O governo local pede ao governo federal R$ 818 milhões para duplicação do Eixão das Águas e R$ 1,6 bilhão para a construção do primeiro chato do Cinturão das Águas.

O documento prevê também investimentos emergenciais de R$ 279 milhões em construção de adutoras. Outros 150 milhões estão sendo e serão gastos com a execução das ações do Programa Garantia Safra 2015.

Chuvas no Ceará - Arte/UOL - Arte/UOL
Veja a evolução da média histórica de chuvas no Ceará
Imagem: Arte/UOL