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Não houve abuso da PM em protesto, diz secretário; 8 foram detidos

Flávio Costa

Do UOL, em São Paulo

12/01/2016 22h22Atualizada em 13/01/2016 17h04

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, disse em entrevista coletiva concedida na noite desta terça-feira (12) que não houve abuso da Polícia Militar na repressão ao protesto contra o aumento da passagem de ônibus, trens e metrô para R$ 3,80. "Não acho que houve abuso da Polícia. Se eventualmente algum abuso for mostrado, comprovado, nós vamos apurar, não compactuamos com nenhum abuso."

Pelo menos oito pessoas foram detidas pela Polícia Militar. Relatos de testemunhas presentes à manifestação afirmam que policiais militares agrediram manifestantes e jogaram bombas de gás lacrimogêneo na direção de jornalistas que cobriam o protesto. Pelo menos um dos detidos teria sido espancado por um policial militar, após ser imobilizado por outros quatro.

Organizador do protesto, o MPL (Movimento Passe Livre) afirmou que 25 pessoas feridas foram atendidas no Hospital das Clínicas e outras três na Santa Casa. Não há informações oficiais sobre o número de feridos até o momento.

 

"Nós estamos numa progressão de valorizar manifestantes que fazem baderna, que fazem depredação", afirmou Moraes. Ele apresentou fotos de duas bombas caseiras apreendidas com black blocs. "Uma foi feita com uma caixa de tinta com um morteiro dentro. A outra tinha pregos", acrescentou.

De acordo com o secretário, a PM usou bombas de gás lacrimogênio para dispersar manifestantes depois que alguns deles tentaram furar o bloqueio feito pela PM para impedir a passagem rumo à avenida Rebouças. Segundo Moraes, o MPL concordou, ainda na concentração do protesto, em levar a marcha para a rua da Consolação rumo à praça da República. Integrantes da organização, ouvidos pelo UOL, negaram que houve acordo sobre o trajeto.

Os participantes estavam concentrados na praça do Ciclista, no entroncamento da rua da Consolação com as avenidas Paulista e Rebouças. Segundo Moraes, o MPL não comunicou o traçado previamente e não poderá estabelecer roteiros para as passeatas sem avisar previamente as autoridades. 

A manifestação teve o comparecimento de 2.000 pessoas, segundo a PM. Oito mil é o número estimado pelo MPL. Duas bombas caseiras, uma delas com pregos, foram encontradas com usuários da tática "black bloc". Uma agência bancária e a fachada do Instituto Miguel de Cervantes foram depredadas. 

Moraes não informou o número de feridos, mas profissionais de imprensa relataram que ao menos dois jornalistas ficaram machucados após a ação da polícia. O secretário repetiu que quem tiver cometido abusos será responsabilizado.

Antes da entrevista de Moraes, Laura Viana, porta-voz do MPL, disse que a repressão desta terça foi "mais cruel" do que a feita ao protesto de sexta-feira (8), um dia antes do aumento do valor da passagem. Segundo ela, não houve qualquer tentativa de negociação por parte do governo paulista com o movimento.

"Se nem as pessoas que participam das manifestações conhecem previamente o trajeto da passeata, não será a Polícia Militar que será informada. Não faz o menor sentido aceitar um trajeto imposto pela polícia", afirmou Luíze Tavares, também porta-voz do MPL. A organização confirmou que novas manifestações estão marcadas para quinta-feira (14): às 17h, haverá concentração no Largo da Batata (região oeste da cidade) e no Teatro Municipal (centro).