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MPL trava cidade para provocar "corja de empresários", diz porta-voz

Vitor dos Santos Quintiliano, porta-voz do MPL, durante manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress
Vitor dos Santos Quintiliano, porta-voz do MPL, durante manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

22/01/2016 08h03Atualizada em 22/01/2016 15h29

Só em 2016, o MPL (Movimento Passe Livre) já promoveu cinco dias de manifestações contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo. E se o objetivo é a revogação do reajuste, a estratégia também é clara: parar a cidade e "provocar as estruturas do capitalismo", diz Vitor dos Santos Quintiliano, um dos mais frequentes porta-vozes do movimento nos protestos deste ano. 

"A gente parte muito da linha que uma manifestação que trava a circulação da cidade, trava a circulação de mercadoria. A gente provoca justamente as pessoas que se dão bem com nosso sufoco, essa corja de empresários, poucos e muito ricos", defendeu Quintiliano em conversa com jornalistas antes dos protestos de terça (19), explicando por que os protestos do MPL costumam ser marcados para dias úteis no fim da tarde -- em geral, às 17h nas terças e quintas. 

21.jan.2015 - Movimento Passe Livre (MPL) publica em sua página no Facebook manual de como fazer travamento de ruas - Divulgação/Facebook Passe Livre São Paulo - Divulgação/Facebook Passe Livre São Paulo
Movimento Passe Livre (MPL) publica em sua página no Facebook manual de como fazer travamento de ruas
Imagem: Divulgação/Facebook Passe Livre São Paulo
 
Em discurso realizado na concentração dos protestos de terça, militantes do MPL defenderam a mobilização para travamento de ruas e terminais. A estratégia também está presente na militância virtual: em uma de suas páginas no Facebook, o movimento publicou manuais de como travar ruas. "Para barrar o aumento da tarifa, precisamos fazer a cidade inteira parar. (...) Podemos e precisamos pensar em outras formas de parar tudo mesmo quando um ato imenso não estiver acontecendo", diz o texto, que inclui um passo a passo para o bloqueio.

 

'Revolta popular? Tomara que aconteça'

Quando o assunto é o ano de eleições municipais, o MPL busca mostrar que sua arena política é a rua, não as urnas. Segundo Quintiliano, o movimento não crê no sistema eleitoral.
 
"A gente não tem a intenção de pautar o debate eleitoral porque a gente entende que mudam os governantes e os serviços continuam sucateados. Eles continuam governando para os empresários em vez de governar para a população. O que a gente pretende é pautar a política na rua. Se algum governante quiser conversar com a gente, que seja na rua, na frente de todo mundo. A gente não tem intenção de fazer conversa de gabinete", declarou. "Não é à toa que você nunca viu, nem nunca vai ver o MPL apoiando candidato."
 
Como outros porta-vozes do MPL, Quintiliano afirma que o grupo não vai deixar as ruas "enquanto as conquistas sociais não forem acatadas pelos governantes". Mas sinaliza que um movimento como o de junho de 2013, que culminou na revogação do aumento de R$ 3 para R$ 3,20, não parece tão próximo no atual horizonte.
 
 
"Junho de 2013 foi uma revolta popular. De jeito nenhum a gente tem a pretensão de fazer de novo uma revolta popular, não existe receita de bolo para a luta social. A gente tem, claro, a pretensão de continuar seguindo com conquistas sociais, mas fazer de novo uma revolta popular? Tomara que aconteça. Mas a gente não tem a certeza de que vai acontecer."