"Inseparável" há 57 anos, casal morre no mesmo dia em Joinville (SC)
“Eu não quero morrer antes da tua mãe para que ela não fique sozinha”, dizia Darci Schmaltz à filha Lurdes. Darci e Elma Schmaltz estavam juntos há 57 anos e, segundo os familiares, eram “inseparáveis”.
A vontade de Darci, no entanto, não se realizou. Na semana passada, ele foi internado às pressas no Hospital de Joinville, no norte de Santa Catarina, onde morava. Estava com pneumonia e não resistiu. Morreu na quinta-feira (5) de madrugada. Elma, sua companheira, não ficou sozinha, como ele temia --morreu 12 horas após o marido com a mesma doença.
Apesar do sofrimento pela perda dos pais, Lurdes Schmaltz acredita que “eles estão andando de mãos dadas no céu”.
Já a filha Dulce fala em “prova de amor”.
Tenho certeza que eles foram feitos um para o outro. Nasceram no mesmo ano, tinham os mesmos problemas, foram internados no mesmo dia e partiram juntos.
Dulce Schmaltz, filha do casal
Darci e Elma se casaram aos 20 anos, deixaram cinco filhos, oito netos e cinco bisnetos e todos se orgulham da história de luta do casal.
Naturais do Rio Grande do Sul --ele de Ijuí; ela, de Três Passos--, se mudaram para Joinville em 1979 para buscar uma nova vida.
No município catarinense, Darci trabalhou como varredor de rua e coletor de papelão. Quando seu pai morreu, ele recebeu uma pequena herança. Foi a oportunidade para Elma realizar um sonho: comprar uma máquina de fazer picolés.
Com bastante economia e “trabalho de sol a sol”, eles compraram freezers e abriram a Sorveteria Scarolo –conhecida como sorveteria do Darci– que funcionou por 25 anos no bairro Itaum. O casal também tinha 70 freezers de picolés espalhados em outros bairros do município. Mais tarde, eles abriram outro negócio, um minimercado.
Esses empreendimentos foram fechados quando o casal adoeceu. Há 12 anos, Elma foi diagnosticada com mal de Alzheimer e Parkinson. O quadro piorou nos últimos cinco anos. Foi nessa época que Darci descobriu sofrer com as mesmas doenças. Há dois anos, passaram a precisar de cadeiras de rodas.
Como exigiam cuidados constantes, moravam com a filha Lurdes.
Nesse ano, Lurdes resolveu tirar férias, o que não fazia há quatro anos, e deixou os pais num lar de idosos. A ideia era passear durante 15 dias. Mas, como as enfermeiras do lar avisaram que o casal estava “desanimado e sonolento”, ela antecipou o retorno. Teve tempo apenas de se despedir dos pais.
“Estou bem triste. Eles estavam bem quando eu saí para viajar, foi um choque. Mas meu consolo por eles teriam partido ao mesmo tempo é que um não suportaria a ausência do outro”, concluiu.
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