Topo

RN contrata caminhão para abrigar 50 corpos após mortes em presídio

Ao longo do domingo, equipes do Itep-RN realizaram a perícia no presídio de Alcaçuz - Frankie Marcone/Futura Press/Estadão Conteúdo
Ao longo do domingo, equipes do Itep-RN realizaram a perícia no presídio de Alcaçuz Imagem: Frankie Marcone/Futura Press/Estadão Conteúdo

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

15/01/2017 14h08Atualizada em 15/01/2017 15h50

O Itep-RN (Instituto Técnico-Científico de Perícia), em Natal, está preparando uma mega-operação para receber e fazer a necropsia nos corpos dos presos assassinados durante rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta (RN), que começou no sábado (14) e durou 14 horas.

O número exato de mortos só será divulgado por volta das 18h --19h em Brasília--, em uma entrevista coletiva na Sesed (Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social). Até agora, o governo do Estado só confirma dez mortes.

Porém, o caminhão frigorífico para abrigar corpos dos presos assassinados em Alcaçuz tem capacidade para 50 corpos. A equipe de legistas e peritos também recebeu reforço com profissionais vindos dos Estados da Paraíba e do Ceará.

Caminhão frigorífico usado para o transporte de corpos de presos no RN - Divulgação/Via Certa Natal - Divulgação/Via Certa Natal
Caminhão frigorífico usado para o transporte de corpos de presos no RN
Imagem: Divulgação/Via Certa Natal

A briga entre os presos das facções criminosas Sindicato do Crime do RN e PCC (Primeiro Comando da Capital) começou às 16h30 --17h30 em Brasília-- do sábado (14) e acabou por volta das 7h deste domingo (15), quando o Batalhão de Choque da Polícia Militar entrou na unidade prisional.

Segundo o Estado, não houve confronto na ocupação da polícia dentro da área interna da penitenciária. Durante toda noite e madrugada, policiais e agentes penitenciários ficaram no entorno do muro de Alcaçuz para manter a segurança da penitenciária e evitar fugas.

O caminhão está em deslocamento para Alcaçuz para dar suporte à equipe de peritos que fará a perícia onde foram encontrados corpos na unidade prisional. A equipe de perícia criminal é formada por três peritos, três fotógrafos e três motoristas.

Além do caminhão frigorífico, o Itep reforçou a equipe de médicos legistas e odontolegistas que trabalharão na identificação dos corpos. “A equipe hoje tem três médicos legistas e dois chegarão de João Pessoa, dois odontolegistas, caso seja necessário identificação por meio da arcada dentária, e cinco necropapiloscopistas. Além disso, temos seis necrotomistas e dois estão vindo da Paraíba para compor a equipe”, disse o instituto. Outros médicos legistas do Estado do Ceará também foram acionados para chegarem nesta segunda-feira (16).

Secretário de Segurança: rebelião está controlada

AFP

Superlotado

Alcaçuz é o maior presídio do Estado, com cerca de 1.200 presos, mas está superlotado. Sua capacidade é de 620 internos. A penitenciária custodia presos das facções criminosas Sindicato do Crime do RN e PCC (Primeiro Comando da Capital).

A presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do RN, Vilma Batista, disse que os presos são separados por facção criminosa em Alcaçuz e os integrantes do Sindicato do Crime do RN estão custodiados nos pavilhões 1, 2, 3 e 4. O pavilhão 5 é destinado aos integrantes do PCC.

O sistema penitenciário do Rio Grande do Norte enfrenta uma crise na segurança desde o ano passado. O domínio de facções criminosas que agem dentro e fora das unidades prisionais do RN se intensificou desde o mês de março de 2015, quando os presos organizaram uma onda de rebeliões, depredaram as celas e ficaram soltos, todos misturados, nos pavilhões dos presídios do Estado.

Os 16 presídios que foram depredados continuam em obras inacabáveis por conta da constante depredação dos presos. O Estado já gastou R$ 7,3 milhões dos R$ 15 milhões orçados para recuperação das unidades prisionais. As reformas deveriam ser concluídas até outubro do ano passado.

Em agosto do ano passado, presos do PEP (Presídio Estadual de Parnamirim) se rebelaram e organizaram uma série de ataques criminosos em Natal e cidades do interior do Estado depois que tiveram o sinal de telefone celular bloqueado. As lideranças dos ataques são facção criminosa Sindicato do Crime do RN. A série de ataques incendiou 32 ônibus em todo o Estado.

Rebelião em Alcaçuz é controlada após 14 horas

Band News