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Chance de negro ser assassinado no país é 23% maior, diz Atlas da Violência 2017

19.abr.2017 - Famílias de vítimas da violência em favelas protestaram no centro do Rio - Tânia Rêgo/Agência Brasil
19.abr.2017 - Famílias de vítimas da violência em favelas protestaram no centro do Rio Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

05/06/2017 13h30Atualizada em 05/06/2017 16h39

De cada cem pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. O dado, referente a 2015, foi apresentado nesta segunda-feira (5) na publicação Atlas da Violência 2017, divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Aplicada). O estudo mostra que homens, negros, jovens e com baixa escolaridade são as principais vítimas da violência no país.

O estudo, que analisa dados do SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade), do Ministério da Saúde, traz informações até ano de 2015, estima que a chance de um negro ser assassinado é 23,5% maior em relação a pessoas de outras raças, já descontado o efeito da idade, sexo, escolaridade, estado civil e bairro de residência.
 
A taxa de homicídio, por 100 mil habitantes de negros, subiu 18,2% entre 2005 e 2015, enquanto a mortalidade de indivíduos não negros diminuiu 12,2%. O Rio Grande do Norte foi o Estado que registrou o maior avanço (331,8%), seguido de Sergipe (197%) e Ceará (149,7%).
 
A taxa de homicídios da população negra no Brasil superou em quase 2,5 vezes a da população não negra em 2015, segundo o Atlas da Violência 2017.
 
O aumento da violência contra a população negra também foi observado no levantamento referente a mortes de mulheres. Enquanto a taxa de homicídios de mulheres não negras diminuiu 7,4% entre 2005 e 2015, o indicador para mulheres negras aumentou 22%.
 
“Negros continuam sendo assassinados todos os anos como se vivessem em situação de guerra”, destaca o relatório.