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Operação mira 15 policiais rodoviários suspeitos de cobrar propina para não multar

Flavio Ilha/Colaboração para o UOL
Imagem: Flavio Ilha/Colaboração para o UOL

Rayder Bragon

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

22/06/2017 09h04Atualizada em 22/06/2017 12h37

Ao menos 15 policiais rodoviários federais e quatro comerciantes são alvo de uma operação deflagrada pela PF (Polícia Federal), nesta quinta-feira (22), em Minas Gerais. Os alvos seriam agentes que trabalham nas cidades de Uberlândia, Araguari e Monte Alegre, todas situadas no Estado.

A ação batizada de “Domiciano” tem como objetivo combater supostos atos de corrupção praticados pelos policiais contra usuários de rodovias que dão acesso a Uberlândia [557 km de Belo Horizonte] e que contaria com o auxílio dos comerciantes.

Segundo a PF, a ação de hoje tem auxílio da própria PRF (Polícia Rodoviária Federal) e da CGU (Controladoria-Geral da União). As investigações se iniciaram em 2016.

Os suspeitos, que não tiveram os nomes divulgados, são acusados de exigir propina de motoristas flagrados em situação irregular para não serem multados.

A participação dos comerciantes e empresários, em conluio com os agentes federais, dava-se no âmbito da escolha dos serviços deles para o atendimento a ocorrências e acidentes nas rodovias, “gerando lucro” aos envolvidos no esquema.

Os comerciantes e empresários evolvidos no esquema criminoso seriam donos de caminhões-guincho para atendimento a ocorrências nas estradas da região, além de proprietários de pátios credenciados pela PRF para receberem veículos apreendidos e comerciantes ligados ao ramo de equipamentos de logística agropecuária.

Segundo a PF, os responsáveis pelos pátios exerciam pressão para que fosse feito o maior número de apreensões possível visando o aumento no recebimento de diárias sobre os veículos apreendidos.

Já os comerciantes que lidavam com equipamentos de logística agropecuária são acusados de pagar propina aos policiais para circularem com caminhões contendo maquinário e peças pesadas sem a presença de batedores, exigida nessa modalidade de transporte, nas rodovias da região.

Ao todo, foram expedidos 19 mandados de prisão preventiva e 33 de busca e apreensão. A expedição dos documentos foi feita pela 2ª Vara Criminal da Justiça Federal de Uberlândia.
Conforme a PF, os mandados foram cumpridos nas cidades de Canápolis, Monte Alegre, Itumbiara, Araguari, Centralina, além de Delfinópolis e Uberlândia. Ao menos 200 policiais (140 rodoviários federais e 60 agentes federais) participaram da ação.

Os presos foram levados para a sede da PF em Uberlândia. Eles serão indiciados pelos crimes de corrupção passiva e associação criminosa. Caso sejam condenados, as penas podem chegar a 15 anos de prisão.

O UOL está tentando contato com advogados que se apresentem como defensores dos acusados.

O nome da operação faz alusão a um imperador romano que se notabilizou pela intolerância à corrupção no império romano.

Em nota, a PRF informou que as investigações sobre o caso começaram na Corregedoria da corporação, no ano passado, mediante denúncia de usuários, sendo que os desdobramentos culminaram na instauração de inquérito na Polícia Federal.

A CGU (Controladoria-Geral da União) teve participação na análise de documentos relacionados aos acusados.

A nota ainda trouxe que a PRF atua no sentido de "conscientizar os servidores de que não há espaço para desvios de conduta" na instituição e "não tolera qualquer desvio de conduta dos servidores de seus quadros". Por fim, a PRF disse que serão adotadas "medidas pertinentes" em relação aos policiais envolvidos.