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Pastor acolhe Suzane von Richthofen como missionária evangélica: "está mudada"

Pastor ajuda Suzane von Richthofen e noivo a se tornarem missionários em igreja - Arquivo Pessoal
Pastor ajuda Suzane von Richthofen e noivo a se tornarem missionários em igreja Imagem: Arquivo Pessoal

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL

06/07/2017 13h07

“Desde que conversei com Suzane, conheci uma outra pessoa. Acredito que ela está mudada”. Este é o depoimento do pastor Euclides Vieira, que está ajudando a detenta Suzane von Richthofen e o noivo, Rogério Olberg, a se tornarem missionários na Igreja do Evangelho Quadrangular. “Ela fala olhando nos olhos, se emociona quando ouve sobre o evangelho. Ela me passou confiança de uma recuperação”.

Amigo de Rogério desde 2005, Euclides foi procurado no começo de 2016 para se aconselhar sobre o possível relacionamento com Suzane. “Ele queria uma opinião, saber o que eu achava da situação, pois eles estavam praticamente namorando”, lembra o pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular de Itapetininga, no interior de São Paulo, em entrevista ao UOL.

Condenada a 39 anos de prisão pela participação na morte dos pais, Suzane converteu-se ao protestantismo e foi batizada pela Assembleia de Deus no presídio. “Neste ano, ele me pediu que os visse. Eu atendi no dia seguinte e conversei com eles, orei pelos dois”, conta Euclides. “Eles expressaram a vontade de fazer a obra missionária. Ela iria anunciar o evangelho, dar o testemunho do Senhor.”

Para se tornar uma obreira credenciada, como é chamado na igreja, é preciso seguir alguns passos. Primeiro, fazer um curso no Instituto Teológico Quadrangular. Depois, tem de passar por uma avaliação de especialistas e por uma série de entrevistas. “Então, a pessoa é levada para uma convenção e tem de ter uma indicação de um pastor local para ser aceita”, explica Euclides. “Ela ficaria numa igreja fixa.”

De acordo com o pastor, este processo leva entre dois e três anos. Por isso, ele sugeriu que ela começasse a fazer o curso por correspondência. “Mas se ela conseguir a liberdade em dezembro, como há a esperança, pode fazer presencial mesmo. Ainda está muito incerto, né?”

Euclides conta que vem recebendo duras críticas por apoiar a entrada de Suzane. “Quando a foto vazou e foi parar nas redes sociais, recebi um punhado de críticas, comecei a apanhar mais que pandeiro em samba.”

Pastor há 14 anos, ele tem há nove um grupo próprio de auxílio a detentos e ex-usuários de drogas. “Já tive casos muito piores que os dela, mas como não são famosos, as pessoas não falam nada”, argumenta Euclides. “Ela quer experimentar o que temos na igreja. Seu noivo é meu amigo, o Rogério é um menino bom, de caráter, mas eles estão sendo bombardeados. Tem dias que ele me liga por que não está aguentando a pressão.”

Euclides admite, no entanto, que este é um assunto no mínimo polêmico. “Não é uma unanimidade nem dentro nem fora da igreja, recebo críticas de todos os lados, falando que eu estou defendendo uma assassina. Mas eu não defendo, eu acolho, acredito na recuperação dela. Não é isso que devemos fazer?”