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Arqueólogos encontram caixa misteriosa em embarcação que naufragou em Santos (SP)

Divulgação/Prefeitura de Santos
Imagem: Divulgação/Prefeitura de Santos

Wanderley Preite Sobrinho

Colaboração para o UOL

20/10/2017 14h48

Uma mistura de surpresa e mistério envolve uma descoberta intrigante nas areias da cidade de Santos, em São Paulo. Depois de encontrarem o que pareciam destroços de um navio centenário, a equipe de arqueólogos incumbida de resgatar a embarcação descobriu que ela está praticamente intacta e com uma misteriosa caixa de metal do tamanho de um carro.

Os destroços foram notados por funcionários da empresa de limpeza urbana na manhã do dia 22 de agosto, quando a maré baixa e a erosão na Praia do Embaré revelaram uma superfície que se assemelhava a um casco de navio próximo ao Canal 5.

Avisada, a prefeitura foi até o local, e descobriu que o navio tem aproximadamente 50 metros de comprimento e 12 metros de largura. De acordo com a equipe de arqueólogos destacada para a monitorar a área, a embarcação, feita de madeira e metal, é o veleiro inglês Kestrel, que naufragou naquela região no dia 11 de fevereiro de 1895.

Veleiro inglês Kestrel, que naufragou em 11 de fevereiro de 1895 - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

“Temos 99% de certeza que se trata do Kestrel”, contou ao UOL o arqueólogo-chefe, Manoel Gonzalez. “A não ser que tenha existido um naufrágio no mesmo local que não tenha sido registrado, o que é muito difícil.”

Desde a descoberta, Gonzales espera da Marinha uma autorização formal para iniciar as escavações. Como ainda não recebeu resposta, sua equipe realizou um monitoramento geofísico no dia 21 de setembro. Foram duas metodologias. Em uma delas, constatou-se que o navio está praticamente inteiro. “Achávamos que era apenas o casco. Seria necessário escavar 60 centímetros, mas o que vimos é que a embarcação esta inteira, três metros para baixo.”

A outra metodologia intrigou o pesquisador. Um equipamento que identifica estruturas metálicas descobriu que no interior do navio há um objeto em metal com o tamanho de um carro popular. “Temos um veleiro de madeira, não é à vapor. O objeto, então, não pode ser uma caldeira nem um canhão, porque se tratava de uma embarcação de carga e não militar”, diz o especialista. “Mas só vamos descobrir o que é na hora que conseguirmos retirá-lo da areia.”

Para isso, será necessária a autorização da Marinha e uma verba que pode chegar a R$ 2 milhões. “Vamos usar fundo próprio, mas precisamos captar recursos com o Estado, Governo Federal e empresários.”, explicou Gonzales.

Depois que a Marinha liberar a escavação, os arqueólogos levarão cerca de dois meses para retirar completamente o veleiro em uma escavação por etapas, inclusive manual. Depois o navio vai para um local provisório para tratamento dos materiais. Concluída essa fase, ele será exposto para a sociedade.

Para proteger a área de curiosos, a prefeitura isolou o trecho, mantém acesa uma torre de iluminação próxima ao local e pediu à Polícia Militar e à Guarda Municipal que façam patrulhamentos regulares na região.