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Perícia diz que matadores usaram em chacina de SP o mesmo tipo de arma adotada pela polícia

Peritos deixam IML Central de São Paulo - Luís Adorno/UOL - Luís Adorno/UOL
09.nov.2017 - Peritos deixam IML central de São Paulo no fim da manhã
Imagem: Luís Adorno/UOL

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

09/11/2017 12h37Atualizada em 09/11/2017 15h12

Equipes da Polícia Civil encontraram estojos de munição do mesmo tipo usado por forças policiais no local onde ocorreu uma chacina na madrugada desta quinta-feira (9), no Tremembé, zona norte de São Paulo. Três homens e uma mulher foram assassinados por um grupo de criminosos desconhecidos.

Os peritos encontraram no local dois estojos de munição de calibre .40. Esse tipo de arma não pode ser comprada pela população, mas é utilizada por forças policiais de São Paulo e pode ser adquirido por colecionadores e algumas categorias profissionais.

Apesar da semelhança do calibre da munição, até agora não há qualquer indício concreto de que policiais tenham participado do crime. Também foram recolhidos cinco projéteis de arma de fogo que serão analisados em laboratório. 

A investigação é feita pelo DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). Os homens tinham 39, 29 e 28 anos. A mulher aparentava 25, segundo o departamento de polícia.

De acordo com a Polícia Civil, pela posição em que os corpos foram encontrados e os tipos de ferimentos constatados em exame pode-se "concluir que as vítimas possivelmente foram dominadas, subjugadas e executadas com disparos a curta distância".

Já testemunhas, por sua vez, disseram que os pistoleiros chegaram ao local em um carro branco, por volta das 2h30, desceram do veículo, fizeram os disparos e fugiram sem levar nada. A informação é avaliada pela polícia.

Segundo o corregedor da PM, o coronel Marcelino Fernandes, até o momento, não há nenhum indício de envolvimento policial na ocorrência. Pelo contrário. "As pessoas estão com medo de falar. E quando tão com medo de falar, tem chance de ser traficante. Porque quando é um policial ou algum indício de envolvimento de PM, as pessoas falam", disse ao UOL.
 
A Corregedoria da PM investiga o caso junto à Polícia Civil. Para o corregedor, o fato de terem sido encontrados estojos de .40 não significa que há ligação direta com policiais na cena do crime. "Em apreensões de armas no interior de São Paulo, na semana passada, tinha 30 armas .40. Essas armas são vendidas no Paraguai", explicou Fernandes.
 
Investigadores de polícia afirmam que o local do crime é próximo a um ponto de venda de drogas. As causas da chacina, no entanto, ainda são investigadas.
 
As vítimas, já identificadas pela polícia, foram encontradas na rua Gabriel Martins. Uma delas tinha passagem na polícia por roubo e furto. O DHPP, no entanto, pede que a identidade das vítimas não seja divulgada para não atrapalhar as investigações. O pai da mulher encontrada morta chegou ao IML (Instituto Médico Legal) central por volta das 11h10, mas não quis falar sobre o assunto.
 
Somente neste ano, foram registradas ao menos nove chacinas na Grande São Paulo, com 36 pessoas mortas. Como base de comparação, o número de vítimas de chacina este ano já é maior que o registrado em todo o ano passado, quando, em oito chacinas, morreram 33 pessoas.
 
A PM informou que uma equipe policial foi acionada pelo telefone 190 sendo alertada que, no local, havia pessoas mortas vítimas de armas de fogo. Os PMs disseram que encontrara os corpos de dois homens e uma mulher sobre a calçada de um lado da rua e o corpo do outro homem na calçada oposta.
 
"[Os PMs] relataram que escutaram de populares que os atiradores passaram com um veículo de características não anotadas e efetuando disparos e outras pessoas comentaram que seria um carro de cor preta", complementou a Polícia Civil.