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Delegado é preso suspeito de matar advogado e balear mais três em Manaus

Além de advogado, Wilson jogava rúgbi e era presidente do PR em Novo Airão (AM) - Reprodução/Facebook
Além de advogado, Wilson jogava rúgbi e era presidente do PR em Novo Airão (AM) Imagem: Reprodução/Facebook

Eduardo Carneiro

Colaboração para o UOL

25/11/2017 14h45

O delegado Gustavo Sotero, plantonista do 1° Distrito Integrado de Polícia (DIP) de Manaus (AM), foi preso em flagrante acusado de matar o advogado Wilson de Lima Justo Filho, 34 anos, nas dependências da casa noturna Porão do Alemão, na Estrada da Ponta Negra.

De acordo com a Polícia Civil, a confusão começou por volta das 2h da madrugada deste sábado (25). Segundo relatos, o suspeito e a vítima teriam se desentendido depois de o delegado abordar a esposa de Wilson.

Além da vítima fatal, mais três pessoas foram atingidas pelos disparos, inclusive a esposa do advogado, Fabíola Rodrigues, mas não se feriram com gravidade e já deixaram o Hospital 28 de agosto, onde foram atendidas. Wilson já chegou ao local sem vida.

Imagens de pânico no local após os tiros foram divulgadas nas redes sociais por frequentadores da casa de shows.

Gustavo Sotero foi encaminhado ao 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP) e indiciado por homicídio doloso e lesão corporal. Na tarde deste sábado, em audiência de custódia no Fórum Ministro Henoch Reis, a prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva. A delegacia geral também instaurou um procedimento administrativo, que pode culminar até na demissão do delegado.

Comoção e revolta

Familiares e amigos de Wilson fizeram muitas homenagens nas redes sociais. Além de advogado, ele era presidente do PR (Partido da República) em Novo Airão (a 195 km da capital) e praticava rúgbi nas horas vagas. Ele deixa pai, mulher e duas filhas. O velório será nesta tarde na sede da OAB de Manaus.

“Nossa! Estou ainda chocada e sem palavras! Meus sentimentos a sua esposa e ao seu pai. Difícil de acreditar que isso possa ter acontecido. Que a família tenha força necessária para seguir em frente”, postou uma amiga de Wilson.

Outros conhecidos da vítima cobraram justiça, com comentários como “que este criminoso pague” e “vamos até o final”. Um conhecido classificou o delegado acusado como “um bandido com credencial da lei”.

Já Marcelo Ramos, ex-deputado pelo PR, postou numa rede social que Sotero já havia sido detido por suspeita de embriaguez após briga de trânsito em 2014. “O mesmo delegado que matou o Wilson. Se já tivessem tomado providências nesse episódio, ele não teria matado, mas, ao contrário, o Sindicato dos Delegados (Sindepol) publicou nota de solidariedade a ele e contra os PMs”, critica. O Sindepol ainda não se posicionou sobre o fato da madrugada deste sábado.

Delegado Gustavo Sotero, que teria matado advogado em casa noturna em Manaus - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Delegado Gustavo Sotero, que teria matado advogado em casa noturna em Manaus
Imagem: Reprodução/Facebook

O caso também gerou pesar e indignação da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Amazonas (OAB-AM), segundo a qual Gustavo Sotero “usou uma arma do Estado e munições pagas com dinheiro público para tirar a vida do advogado”.

O comunicado ainda pontua que “desde as primeiras horas do ocorrido, o presidente da OAB, Marco Aurélio Choy e demais conselheiros e membros da Comissão de Prerrogativas estão acompanhando o caso no 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP), bem como prestando total e irrestrita assistência à família do advogado”.

Casa noturna se pronuncia

Também por meio de nota, o Porão do Alemão lamentou o ocorrido. “Quatro pessoas foram atingidas e só quem nos conhece sabe o quanto é doloroso escrever isso. Todos sabem o quanto prezamos pela segurança, revistando, abordando e nunca permitindo que civis adentrem a casa armados”, afirma a casa noturna.

“Porém muitos não conhecem a Lei 10.826/03 bem como a Portaria Normativa N.º 09/2013-GDG/PC que permite que policiais estejam armados, inclusive em casas noturnas, eventos públicos ou privados. O policial passou pelo nosso rigoroso sistema de revista e registro, tendo sua arma cautelada”. O Porão do Alemão ainda se solidarizou com as vítimas e elogiou o trabalho dos seguranças em conter a situação.