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Passageiros são surpreendidos com greve do metrô em SP e perdem dia de trabalho

Movimentação intensa no terminal da Luz, região central de São Paulo - Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Movimentação intensa no terminal da Luz, região central de São Paulo Imagem: Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

18/01/2018 10h36

A greve dos metroviários de São Paulo, que paralisaram parcialmente as linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha, 5-lilás do metrô, nesta quinta-feira (18), atinge mais de 4 milhões de pessoas. Aqueles que tentaram ou ainda tentavam encarar a greve no começo da manhã lamentavam a superlotação e disseram que iam chegar atrasados aos seus compromissos. Outros afirmavam que não chegariam ao trabalho.

A empregada doméstica Maria Aparecida das Neves, 53, que disse que chegou até à estação da Luz, na região central, como sempre faz, a partir de um ônibus que sai de Santana, na zona norte.

“Preciso chegar até a Vila Mariana às 9h. Por isso, saí uma hora mais cedo de casa [às 6h], sabendo que hoje poderia estar o caos. Vou pegar a linha amarela até a [avenida] Paulista e, de lá, vou tentar outro ônibus”, afirmou. A linha 4-amarela, que é privatizada, funciona normalmente.

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Ela afirmou que, apesar de ter pego o ônibus antes, num horário em que normalmente ele está mais vazio, o coletivo estava mais cheio hoje.

“Quase sempre eu venho sentada. Hoje já estava lotado. E estou preparada para o metrô”, disse. Ela pegou o metrô por volta das 7h10, já com a plataforma menos cheia do que o previsto.

Também na Luz, mas sem saber o que fazer e tentando entrar em contato com o chefe, o estagiário de um escritório de advocacia no Jabaquara, zona sul, Lucas Martins de Souza, 20, disse que voltaria para casa, na região central da capital.

Funcionários do Metrô avisavam que, da Luz, a linha 1-azul está funcionando até a Ana Rosa (por volta das 8h, foi estendida até a Saúde). “Estou tentando ver se algum colega consegue me dar carona, pelo menos a partir da Ana Rosa, ou não vai ter jeito”, afirmou.

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Passageiros não sabiam da greve

Na estação Corinthians-Itaquera, que está fechada para metrô e só abriu para o trem por volta das 8h30, passageiros foram pegos de surpresa. A empregada doméstica Geralda Silverino Ambrosio, 64, iria ao Hospital das Clínicas, no centro, buscar um exame de endoscopia.

“Não sabia disso [paralisação]. Cheguei e dei de cara com o portão. Achei péssimo. Precisava ir ao hospital e agora vou ter que arrumar outro dia de folga para conseguir buscar o exame”, lamentou.

Geralda Silverino Ambrosio - Luís Adorno/UOL - Luís Adorno/UOL
Geralda Silverino Ambrosio disse que não sabia da greve
Imagem: Luís Adorno/UOL

Guilherme Araújo Novaes, 16, é atendente em uma rede de fast food no Tatuapé. Ele teria de chegar no emprego às 10h. Chegou à estação às 8h20 e aguardou uma possível abertura até as 9h.

Como a estação não abriu, decidiu voltar para casa, em Guaianazes. “Vou falar o que para o chefe? Nem adianta. Não consigo ir trabalhar”, disse.

José Dantas dos Santos, 49, auxiliar de logística, mora ao lado da estação Corinthians-Itaquera e trabalha como auxiliar de logística na Barra Funda, no outro extremo da linha 3-vermelha do metrô.

Ele tinha de chegar na empresa às 7h30. Às 9h, ainda aguardava a abertura do portão. “Eu vim cedo, estava fechado e fui para casa. Daí disseram que tinha aberto. Cheguei aqui, continuava fechado. Mandei um áudio para o chefe dizendo que estou aqui esperando. Se abrir, vou trabalhar, se não, não sei o que fazer”, disse.

Em Itaquera, funcionários do metrô sugeriram aos que aguardam uma possível abertura da estação do metrô para ir sentido zona oeste da cidade que peguem um trem da CPTM. Isso porque o trem leva até a estação Tatuapé. E, do Tatuapé, já é possível pegar a linha 3-vermelha até a estação Marechal Deodoro. “Vocês vão fazer baldeações, mas é possível se locomover”, explicou uma funcionária.

Guilherme Araújo Novaes - Luís Adorno/UOL - Luís Adorno/UOL
"Vou falar o que para o chefe? Nem adianta", disse Guilherme Araújo Novaes
Imagem: Luís Adorno/UOL

Taxistas e motoristas de aplicativos se decepcionam

Taxistas e motoristas de aplicativos que apostaram na greve para conseguir faturar mais durante a paralisação também se dizem decepcionados.

“Achei que ia estar um preço dinâmico, mas está bem parecido com um dia normal para a gente. A diferença é que está mais trânsito”, disse o motorista do Uber e da 99 Táxi Edinei José da Silva, 27.

“A impressão que fica é a de que a galera não está mais apavorada com essas greves. Quem não consegue ir trabalhar, nem sai de casa”, complementou.

O taxista Raimundo Ferreira, 33, que iria levar a estudante universitária Beatriz Souza, 19, da Luz para Pirituba, na zona oeste, afirmou que, até por volta das 7h15, o dia estava “normal”, mas que estava com a expectativa de que mais pessoas utilizem seu serviço. A estudante disse que desistiu de ir à faculdade, na Mooca, zona leste.

Por volta das 7h20, as plataformas da Luz estavam mais cheias na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), que não paralisou as atividades, do que nas linhas 1 e 4 do metrô.

Nesse horário, segundo seguranças da estação, o fluxo de pessoas já estava normal, semelhante ao que é registrado diariamente.