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Após chacina, Fortaleza registra fim de semana violento e tem saldo de 25 mortes

Fabiana Marchezi

Colaboração para o UOL

29/01/2018 12h28

A cidade de Fortaleza, capital do Ceará, registrou ao menos 25 mortes no último fim de semana. Além da maior chacina da história, que deixou 14 mortos e 18 feridos em uma casa de shows de Cajazeiras, na madrugada de sábado (27), outros 11 homicídios foram confirmados em diversos pontos da cidade, entre a noite de sábado (27) e a manhã de domingo (28).

Entre os crimes, foram contabilizados dois duplo homicídios. Dentre eles, o que chamou mais atenção foi registrado na Granja Lisboa, onde duas adolescentes foram encontradas mortas, amordaçadas e com as mãos amarradas. O outro duplo homicídio aconteceu no Bom Jardim. Os outros casos ocorreram em diferentes bairros da cidade, como Granja Portugal, Ancuri e Paupina.

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As ocorrências foram confirmadas ao UOL pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC) e pela Associação dos Profissionais da Segurança Pública (APS) do Ceará. Procurada pela reportagem para comentar os casos, a Secretaria de Segurança e Defesa Social do Estado (SSPDS) informou que não repassa dados parciais e que o balanço de homicídios do Estado é divulgado mensalmente.

Apesar de serem fatos isolados e, provavelmente, não estarem relacionados à chacina, os casos reafirmam a situação de violência vivida não somente em Fortaleza, mas em todo Estado, principalmente por conta da guerra entre facções criminosas rivais.

“Mais de 5 mil homicídios em 2017 e o mês de janeiro já apresenta uma média maior, apontando para um novo recorde. Nas redes sociais, criminosos se vangloriam de sua força expondo imagens de vítimas decapitadas. Em alguns bairros da cidade, moradores são expulsos de suas residências pelas facções. Um cenário pior do que o de muitas guerras da história. É preciso repensar urgentemente as estratégias usadas para combater essas facções”, lamentou Reginauro Sousa, presidente da APS (Associação dos Profissionais da Segurança Pública) do Ceará.

Chacina

A disputa entre facções criminosas causou a madrugada mais violenta da história no Ceará, no último sábado (27). Uma chacina em uma casa de shows deixou 14 mortos e 18 feridos, no bairro Cajazeiras, em Fortaleza, segundo a Secretaria de Segurança e Defesa Social do Estado. Entre os mortos estão seis homens e oito mulheres, sendo duas menores de idade. Cinco dos 18 feridos continuam internados.

O crime teria sido fruto da disputa por territórios de tráfico de drogas em Fortaleza entre o PCC (Primeiro Comando da Capital), o CV (Comando Vermelho) e o GDE (Guardiões do Estado).

Fotos compartilhadas nas redes sociais mostram diversos corpos espalhados pelo chão do local, a maioria de mulheres. Também pela internet, a facção GDE assumiu a autoria do ataque. Um suspeito foi preso e outros cinco já foram identificados pela Polícia Militar, segundo a SSPDS. Três deles seriam mandantes e dois atuaram nas execuções.

Após o massacre, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), afirmou na tarde de domingo (28), em coletiva de imprensa, que decidiu criar um centro integrado para combater o crime organizado no Estado. O grupo terá representantes da SSPDS (Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social), da Secretaria Estadual de Justiça, do Poder Judiciário, do MP (Ministério Público Estadual), da Defensoria Pública e da PF (Polícia Federal).

"Nós vamos criar fisicamente um centro integrado, onde todas as instituições estarão representadas, para que a gente possa ter mais agilidade nas decisões e ações com foco no combate ao crime organizado", afirmou Santana.

O governador afirmou ainda que a Superintendência da PF no Ceará criará um grupo especializado na investigação sobre facções criminosas. Por sua vez, o TJ-CE (Tribunal de Justiça do Ceará) vai criar uma vara especializada para julgar processos referentes às ações do crime organizado no Estado.