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Guerra entre facções deixa 14 mortes no Ceará e faz a madrugada mais violenta do Estado

Fabiana Marchezi

Colaboração para o UOL

27/01/2018 14h48

A disputa entre facções criminosas causou a madrugada mais violenta da história no Ceará. Uma chacina em uma casa de shows neste sábado (27), deixou 14 mortos e vários feridos, segundo informa a Secretaria de Segurança e Defesa Social do Estado. O número de vítimas é questionado, porém, pela APS (Associação dos Profissionais da Segurança Pública do Ceará), que fala em 18 mortes.

O crime teria sido fruto da disputa por territórios de tráfico de drogas em Fortaleza entre o PCC (Primeiro Comando da Capital), o CV (Comando Vermelho) e o GDE (Guardiões do Estado). Segundo Reginauro Sousa, presidente da APS, cerca de 15 homens fortemente armados chegaram em três carros ao “Forró do Gago”, boate frequentada por um grupo rival, e atiraram aleatoriamente nas vítimas.

Fotos compartilhadas nas redes sociais mostram diversos corpos espalhados pelo chão do local, a maioria de mulheres. Também pela internet, a facção Guardiões do Estado assumiu a autoria do ataque.

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A Secretaria de Segurança Pública do Ceará informou que dos 14 mortos, dois eram menores de idade. As identidades das vítimas ainda não foram divulgadas. A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa está encarregada da investigação. Em nota, a secretaria divulgou na tarde deste sábado (27) a prisão de um suspeito de participação no ataque. Um fuzil também foi apreendido.

A resposta das autoridades

Pelo Facebook, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), classificou a chacina como um "ato selvagem e inaceitável". Ele afirmou que convocou a cúpula da segurança para determinar "rigor absoluto" nas investigações. "Não aceitaremos de forma alguma que esse tipo de barbárie fique impune. Confio na nossa polícia e tenho absoluta convicção de que uma resposta será dada muito em breve", escreveu na rede social. 

O secretário de Segurança Pública, André Costa, afirmou que o caso foi um evento isolado e o comparou a ataques como os que acontecem nos EUA. "No mundo todo, tem situações em que se matam 50 pessoas, 60 pessoas em boates. É uma situação criminosa que foi organizada, que foi planejada e que feio a ser executada", disse em coletiva de imprensa. 


Disputa

Segundo a APS, a disputa entre facções tem sido a principal causa de homicídios no Estado. "Lamentavelmente, o Ceará vive uma guerra entre as três principais facções criminosas e o número de homicídios só vem aumentando em razão dessa disputa por pontos de tráfico", afirmou.

Ainda segundo Sousa, estima-se que a guerra entre o PCC (Primeiro Comando da Capital), o CV (Comando Vermelho) e o GDE (Guardiões do Estado) tenha deixado mais de 5 mil mortos no Estado em 2017, número recorde para o Ceará. "O GDE, atualmente a maior facção do Estado, já assumiu pelas redes sociais a autoria do massacre desta madrugada. O fim de semana está só começando. Nossa maior preocupação é que haja retaliações das facções rivais", concluiu. 
 

Números da violência

Com quase 3.000 integrantes, o Ceará é o terceiro Estado com maior presença do PCC no país, atrás apenas de São Paulo e Paraná, segundo dados do MP-SP e da PF.

De acordo com o relatório Atlas da Violência 2017, o Ceará é o Estado com a terceira maior taxa de homicídios do país, com 46,75 por 100 mil habitantes. Sergipe e Alagoas têm os dois índices mais elevados.