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Pezão diz ser o responsável pela segurança até Congresso aprovar intervenção: 'podem me cobrar'

17.fev.2018 - Tanque militar circulou na zona sul do Rio durante reunião de Michel Temer na sede do governo fluminense - ALESSANDRO BUZAS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
17.fev.2018 - Tanque militar circulou na zona sul do Rio durante reunião de Michel Temer na sede do governo fluminense Imagem: ALESSANDRO BUZAS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

19/02/2018 11h39

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), negou nesta segunda-feira (19) que a segurança pública do Estado do Rio de Janeiro esteja sem comando até que o decreto de intervenção federal na área seja votado no Congresso --a Câmara dos Deputados deve votar na noite de hoje e, em seguida, a matéria passa para análise do Senado.

Durante a reinauguração da Biblioteca Parque da Rocinha, Pezão voltou a falar sobre a importância da entrada do Exército na cena fluminense, afirmou que detalhes burocráticos ainda impedem que as Forças Armadas tomem o controle total da situação, mas disse ser o responsável até que o decreto passe pelo crivo do Legislativo.

Eu e o general Braga Netto [interventor] já estamos em permanente contato, mas podem cobrar de mim até a votação do decreto.

Luiz Fernando Pezão, governador do RJ

Apesar de o decreto já estar valendo após sua publicação, o CML (Comando Militar do Leste) informou, no fim de semana, que as ações da intervenção só serão tomadas após a aprovação do Congresso. Enquanto isso, a exoneração de Roberto Sá do cargo de secretário de Segurança foi publicada nesta segunda no Diário Oficial do RJ.

Assim que o decreto já assinado pelo presidente Michel Temer (MBD) for chancelado pela Câmara e Senado, o interventor militar nomeado pelo governo federal assume todas as forças de segurança do Rio, não cabendo mais a Pezão nenhuma atribuição na área. O "governador" da segurança no Estado será o general Braga Netto, atual líder do CML.

"Precisamos de ajuda, chegamos no limite, não conseguimos vencer sozinhos a marginalidade. As polícias Civil e Militar não resolvem esse problema sozinhas em lugar nenhum. Fuzil é arma de guerra em qualquer lugar do mundo. Quando um cidadão porta um fuzil, o que aparece em qualquer lugar do planeta são as Forças Armadas para combater, não é a polícia", disse Pezão.

Em Brasília, questionado sobre de quem é hoje a responsabilidade da segurança pública do Rio, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou nesta segunda ser do presidente da República, Michel Temer, e, consequentemente, do interventor, general Braga Netto.

“Só nós temos administrativamente [publicado o decreto], acredito que seja o interventor que todos aqui conhecem o nome. Portanto, ele é o responsável administrativamente e institucionalmente pela segurança no Rio de Janeiro”, divergiu o ministro.

O local da primeira agenda oficial do governador após o anúncio da intervenção federal foi escolhido a dedo por Pezão e sua equipe. Um dos grandes símbolos da época da implantação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), a Rocinha sofre com episódios recentes de violência, que tiveram o seu ponto alto em setembro durante a guerra travada pelos bandos dos traficantes Rogério 157 e Nem.

"Não é fácil tomar uma decisão dessa magnitude [intervenção], mas fiz questão de vir para mostrar que não vamos sair de dentro das comunidades. Vamos fazer de hoje um marco de que entraremos nas comunidades com tudo o que estiver a nosso alcance. Estamos dentro de uma comunidade emblemática estendendo a mão. Estou de peito aberto, de coração aberto, a Rocinha tem um simbolismo muito grande para mim", completou Pezão.

Alfinetadas em Crivella

Em sua aparição na manhã desta segunda-feira, Pezão, sem citar nominalmente Marcelo Crivella, alfinetou o prefeito do Rio de Janeiro durante a reinauguração de uma biblioteca na Rocinha.

Ele garantiu que o governo seguirá dentro das comunidades, ainda que a segurança pública passe para as mãos dos responsáveis pela intervenção federal, e deu a entender que está assumindo responsabilidades que não seriam dele.

"Quem tem de cuidar do território é o prefeito, não podemos transferir responsabilidades. Quem tem de fazer saúde com médico de família e creche não é o estado, quem tem de cuidar da criança é a prefeitura".