Homem é atropelado, tenta pedir ajuda, mas é imobilizado por seguranças e morre
As imagens divulgadas na internet são fortes. Mostram um homem sangrando e sendo imobilizado por dois seguranças. Em um segundo vídeo, feito na sequência, estudantes tentam reanimar o mesmo homem, com massagens cardíacas e até respiração boca a boca. Sem sucesso.
Toda a ação aconteceu no a Instituição Madre Teresa, que fica em Taguatinga, a 20 km de Brasília, na noite de segunda-feira (19).
Francisco Edicácio, 40, tinha sido atropelado momentos antes e foi pedir ajuda no prédio da instituição, que oferece cursos de Técnico em Enfermagem, Radiologia e Segurança do Trabalho.
Segundo a instituição, os seguranças do local se assustaram com a forma como Edicácio entrou no local e o imobilizaram.
Em um dos vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver dois seguranças em cima de Edicácio, que está deitado no chão com a boca sangrando e gemendo. Um dos seguranças está com a perna sobre a nunca da vítima, que acabou morrendo no local.
Edicácio era usuário de crack, segundo familiares, e pode ter consumido drogas antes de ser atropelado. A Polícia Civil ainda não sabe o que provocou o óbito.
Segundo o boletim de atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a vítima teve um surto psicótico, foi atropelada e teve uma parada cardiorrespiratória.
O delegado João Maciel Claro, da 17ª delegacia de polícia, que investiga o caso, disse que a corporação trabalha com duas linhas sobre o motivo da morte: overdose de drogas ou excesso por parte dos seguranças. Mas que tudo depende do laudo de Exame de Corpo de Delito, feito pelo IML (Instituto Médico Legal), que deve sair em 30 dias.
"O exame é crucial. Só ele pode apontar o que motivou a parada cardiorrespiratória. Foi a contenção dos seguranças, que fez com que o homem fosse sufocado, e tivesse essa parada? Ou a overdose? Agora, vamos ouvir todas as testemunhas: bombeiros, que ajudaram no resgate, as alunas que aparecem nas imagens tentando reanimá-lo, familiares e claro, os seguranças" disse o delegado.
Em um primeiro momento, o delegado descarta que Edicácio tenha morrido em decorrência do atropelamento. “Pela experiência, dificilmente alguém morreria por parada cardiorrespiratória após um acidente de trânsito”, afirmou reforçando que vai esperar o laudo do IML.
Em nota, a Instituição Madre Teresa disse que o estabelecimento de ensino foi invadido violentamente por um homem muito "eufórico e com sangramento no rosto, que teve que ser contido com utilização da força necessária e com a finalidade de resguardar a integridade física dos alunos, colaboradores e dele mesmo".
Segundo a direção, na hora que Francisco Edicácio entrou no prédio, estava acontecendo uma aula do Curso de Radiologia.
Ainda segundo o texto, após a contenção, outro homem chegou à instituição, afirmando que era amigo de Edicácio e que ele estaria fora de si, por uso de crack.
Por esse motivo, a escola diz que chamou o Samu e o Corpo de Bombeiros. "Quando a equipe chegou, prestou todo o socorro necessário. Infelizmente, como consta na ocorrência, após 48 minutos de manobras, ele veio a óbito", diz a nota.
No texto, a instituição também expressou “solidariedade com a perda irreparável da vida humana e informa ainda que está à disposição dos familiares e autoridades para o fornecimento de maiores esclarecimentos”.
Ex-usuário de drogas, diz família
Edicácio nasceu no Ceará, era casado e tinha uma filha de 19 anos. A esposa esteve na delegacia, na terça-feira (20), e confirmou que ele era usuário de drogas, segundo o delegado.
A mulher e ele moravam em Taguatinga, onde também trabalhavam com venda de peças de automóvel.
Segundo Adalberto Garcia, 49, que é irmão da vítima, Edicácio era ex-usuário de drogas há pelo menos nove meses e que havia feito aniversário no dia anterior da morte, no domingo (18).
Também contou que o homem não foi trabalhar na segunda-feira, mas havia passado no local para conversar com o chefe.
"A família não sabe se ele havia voltado a usar drogas. Ele estava bem, trabalhando e recuperando a vida, pós vício. Estamos abalados, não sabemos o que aconteceu", disse.
Questionado pela reportagem sobre o que a família pretende fazer em relação à instituição, Adalberto disse que pretende esperar o laudo do IML.
''Vamos esperar as investigações e aguardar os laudos para tomar qualquer atitude", disse.
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